Raimundo Avelar
Colaborador
De pronto , que Deus nos ilumine e nos abençoe a todos e – em afetiva e efetiva parceria – favoreça seja bem exitoso e profícuo nosso fundamental propósito quanto à grave e responsável utilização de espaço neste bem conceituado jornal “ O Norte de Minas ” , privilegiado locus que , por elevado escopo , deve se colocar – sempre – a serviço dos mais nobres anseios da imensa macro região norte mineira cujas ricas e – por certo – viabilizaveis potencialidades economicas apontam para a desejada auto sustentabilidade do harmonico e integral desenvolvimento regional .
Igualmente de imediato , cabe-nos antecipar reiterados agradecimentos à Direção de “ O Norte de Minas ” pela confiança , decorrente acolhida e cessão de espaços . Entendendo e respeitando o DNA do noticiário , com lúcida consciencia julgamos conveniente e oportuno adiantar , aqui , nosso compromisso de :
– informar e/ou comentar fatos considerados procedentes objetivando fundamentá-los sob rigorosa égide de princípios que contemplem : maximizada ética , democrática transparencia , evidente im- parcialidade e notória disposição de estabelecer efetiva e proativa interação com o público leitor e outros destinatários ; como corolário , elaborar impostergáveis abordagens que , após cuidadosa análise , se nos mos- trem mais consentaneas e correspondentes aos mais legítimos e prioritários anseios da comuni- dade .
Por último – porém com destacada importancia – , respeitosos cumprimentos aos nossos leitores , convidados a que sejam , também , partícipes deste munus ou encargo social que nos é imposto a todos e que , sob enfoque eminentemente holístico – por vários recursos disponiveis – deve conjugar esforços que , transcendentalmente , alavanquem o integral desenvolvimento do ser hu- mano .
Não deverá – esperamos – haver imunidade ou blindagem alguma quanto aos efeitos de possi- veis e válidas críticas mas , apenas , aquele milenar , sábio e prudente cuidado de , antes , conhe- cer melhor para “ bem separar o joio do trigo ”.
Críticas , só pelo criticar , são estereis chegando – por vezes – a ser até maléficas , deletérias . Ao contrário , uma crítica bem intencionada e que pretenda ser construtiva deverá , até , ser in- centivada e bem acolhida . Portanto , nos parece pertinente reafirmar que críticas e sugestões são desejadas e devem ser consideradas .
Mais objetivamente , reportemo-nos às palavras latinas quousque tandem que servem de título a esta coluna e que , por sua vez , nos fazem remontar àquela Roma antiga , “ messalina ” Roma dos Césares , mediterranea e dominadora potencia do mare nostro , do “ pão e circo ” , do Coliseu , das arenas e seus gladiadores , das conquistas imperiais , dos triunfalescos arcos e colunas , à orgíaca , libertina e devassa Roma das torturas e barbáries , das traiçoeiras cons- pirações e perseguições , dos saques , criminosos incendios e massacres . . .
São palavras latinas que nos fazem retroceder aos tempos de Cícero ( Marco Túlio – de 106 a 43 a.C. ) , culto e corajoso político e jurisconsulto romano , eloquente e contundente tribuno que – pelos anos 64/63 a. C. – denunciara a conspiração urdida por Catilina , pronunciando quatro veementes discursos , mundialmente famosos e conhecidos como “ Catilinárias ” , correspondendo quousque tandem , exatamente , às duas palavras iniciais da primeira investida ( ou discurso ) de Cícero , cuja frase completa da acusação tem , traduzida , a incomoda indagação : “ Até quando , afinal , abusarás , Catilina , da nossa paciencia ? ” .
Visando mais nobre escopo e independentemente de juízos sobre possíveis invectivas que possam sugerir o título e seus subsequenciais assuntos , as abordagens devem CONSIDERAR , RESPEITAR , PRIVILEGIAR e PERMEAR aspectos ou mais evidentes “ traços caricaturais ” como : – maior elasticidade e amplitude de espectro no que tange à contextualização geográfica e histórica dos enfoques ;
– fuga ao trato de questões meramente pessoais valorizando , consequentemente , conjugados e suprapartidários esforços que contemplem os mais legítimos e urgentes desejos da comunidade montesclarense , bem como de toda a sociedade da macrorregião nortemineira ;
– menor timidez quanto a atividades jornalísticas tornando-as mais prospectivas e antecipatórias , visando sejam afloradas necessidades e potencialidades ainda não bem satisfeitas e reveladas , respectivamente ;
– mais ousadia e coragem em defesa do patrimonio público , do meio ambiente e da melhor qualidade de vida para todos , de maneira mais equanime , racional , harmonica e horizontal , o que vale dizer : - mais saúde , - educação , - segurança , - emprego , - estrada , - conforto e lazer , tudo segundo prioridades válidas independentemente do destinatário ser o perímetro urbano – com seus bairros periféricos – ou os Distritos e o campo – com suas comunidades rurais ; – por fim , intransigente rejeição a quaisquer atitudes que , insensatamente , objetivem : inibir, cer- cear e sequestrar a dignidade e a salutar liberdade dos meios de comunicação que , lamentavel- mente , por razões escusas se acovardam , se rendem , se vendem e se curvam omissos e/ou submissos a variados e inconfessos interesses .
O recurso às contundentes palavras de Cícero – para título da coluna – , certamente encontraria – ainda na própria língua mãe latina – outras opções válidas e bem aplicáveis tais como o di- tado res , non verba ou seja : “ fatos , não palavras ” o que enseja sentenciar : determinadas e inúmeras situações não podem , passivamente , se contentar com a incomoda falácia de rebus- cadas palavras que não passam de meras e enganosas promessas que , nos tempos atuais , final-mente , já são reconhecidas e denunciadas como verdadeiros e vergonhosos calotes eleitorais .
Urgentemente , faz-se necessário o agir e não o simples falar , contemplar e muito pouco ou nada fazer . Se , pelo simples emprego das referidas palavras latinas quousque tandem , for o título considerado como agressivamente impactante , será , até bom , que assim o venha a ser , desde que se entenda o “ até quando , afinal ? ” como enfático , imperioso e inadiavel apelo a que se declare um “ basta ” ou , melhor e verdadeiramente , “ inúmeros bastas ” aplicaveis ao caotismo bem comum às administrações exercidas ao arrepio das leis , ao estilo laissez faire e que , em decor- rencia , ficam desprovidas do imprescindível respaldo popular .
Assim , há que se proclamar “ basta ” ou “ bastas ” à : a) – apatia ; b) – covardia ; c) – miopia ; d) – mediocridade ; e) – mesmice ; f) – ineficácia ; g) – pirotécnica falácia ; h) – concentração e abuso de poderes sempre implicando em patológica e nefanda subserviencia aos mesmos impos- tores ; i) – prepotencia ; j) – corrupção ; k) – omissão ; l) – negligencia ; m) – cúmplice e astuciosa bajulação ; n) – perversa criminalidade ; o) – perdulária aplicação de recursos ; p) – impunidade e outras escafandras facetas que perpassam descasos , marasmos , engodos , abominaveis nepotismos e , lamentavelmente , o bem provável e desastroso descrédito .
Como eficaz antídoto às condutas que motivam e justificam os “ bastas ” há que : 1) - empreender esforços que demonstrem maior coerencia entre discursos e ações , fazendo com que o angulo de defasagem ou disparidade entre ambos seja o m í n i m o ou , até mesmo , n u l o , se possível ; 2) - se empenhar por mais rigorosa probidade , racionalidade e modernidade administrativas , com a mais parcimoniosa e austera aplicação dos recursos que , vale destacar , pertencem à res publi- ca ; 3) - promover , para cada atividade , a necessária identificação dos respectivos stakeholders envolvidos , e favorecer a mais positiva interação dos mesmos , distanciadas , evidentemente , pos- siveis e habituais intenções e intervenções hegemonicas ; 4) - elaborar planejamentos estratégicos, assim chamados , também e especialmente , por resultarem de solidária , democrática , ampla e suprapartidária participação dos agentes ; 5) - tornar bem evidentes e confiaveis : garra , determi- nação e sadia ousadia empreendedora , fatores estes postos a serviço de verdadeiro desenvolvi- mento no qual , pari passu , progresso economico e desenvolvimento humano tem índices que , simultaneamente , devem ser melhorados e partilhados em benefício de todas as pessoas .
Aliás , deve-se , aqui , destacar a nítida coerencia existente entre as recomendações elencadas no tópico anterior e os postulados da Doutrina Social – por certo – não só da Igreja Católica mas , igualmente , de outras Igrejas . Tal observação encontra suporte nos registros sobre a inesperada e corajosa fala do Papa Paulo VI ( Giovanni Montini – apelidado como “ o Papa da Paz ” e autor da Encíclica POPULORUM PROGRESSIO – PP ( O Desenvolvimento dos Povos ) ; – o referido pronun- ciamento de Paulo VI fora dirigido , em outubro de 1965 , aos inúmeros Delegados participantes da Assembleia Geral da ONU . Solenemente , afirmara Paulo VI : “ a questão do desenvolvimento é uma questão moral ; é , também , um dever de justiça nacional e internacional ; trata-se do uso apropriado e da justa distribuição dos recursos da terra em vista do bem de toda a humani- dade . . . a pretendida paz não é mera ausencia de guerra e não advem por acaso ; - é res- posta ao desejo do Fundador divino ; - deve ser realizada pelos homens que tem sede de justiça . . . o desenvolvimento integral só acontecerá quando , holisticamente e muito acima de simpatias e decorrentes tendencias às ambições do liberalismo capitalista e/ou ao totalitário socialismo leninista/marxista , promover todos os homens e o homem todo ” .
Cabe , ainda , observar que a referida Encíclica escrita por Paulo VI não é o único Documento que aborda e explicita a posição da Igreja frente às graves questões operárias e questões sociais advindas , principalmente , da cha- mada “ Revolução Industrial ” . Como impactante antecedente , a “ Doutrina Social da Igreja ” foi , pela primeira vez e no ano de 1891 , corajosamente abordada e enfaticamente proclamada pelo Papa Leão XIII , através de sua Encíclica RERUM NOVARUM – RN ( A sede das Inovações ) , Docu- mento esse por vezes referido como a “ Carta Magna ”. Atentos à dinamica dos acontecimentos e empenhados em observar atualizada contextualização e maior aprofundamento dos delicados te- mas sociais , subsequencialmente inúmeras Encíclicas , destacando a importancia da “ RERUM NOVA- RUM ” e comemorando aniversários da mesma , foram escritas e oficialmente publicadas por ou- tros Pontífices podendo-se , dentre tais Documentos , citar : QUADRAGESIMO ANNO – QA ( Quadra- gésimo Ano – escrita por Pio XI em 1931 ) , MATER ET MAGISTRA – MM ( Mãe e Mestra – de ’ João XXIII – ano de 1961 ) , OCTOGESIMO ADVENIENS – OA ( 80º Aniversário – publicada por Pau- lo VI , em 1971 ) , LABOREM EXERCENS – LE ( Exercendo o Trabalho – autoria de João Paulo II , em 1981 ) e CENTESIMUS ANNUS – CA ( Centésimo Ano que , igualmente , tem por autor o Papa João Paulo II ) .
Mais racional e economica elevação dos índices de produção ; – mais horizontal , equilibrada , har-monica , igualitária e justa distribuição de beneficios advindos ; – melhor qualidade de vida para todas as pessoas , independentemente de residirem e/ou trabalharem nos centros urbanos , bair-ros periféricos ou nos satelites Distritos e/ou pequenos aglomerados das Comunidades Rurais ; – – incrementada e ampla aquisição de conhecimentos e cultura ; – inabdicavel resgate da dignidade humana e da solidariedade entre classes e povos ; – mais livre e democrático acesso às atividades de lazer ; – enfim , enriquecimento de outros valores espirituais . Pontualmente , esses são os principais fundamentos pretendidos como suporte ao escopo da Coluna e que , en passant , suge-rem embutir intima relação e concordancia com os sadios e já referidos propósitos da comentada Doutrina Social da Igreja Católica e – certamente por não ser privilégio exclusivo desta – prova-velmente também identificados com elevados postulados de outras Religiões .
Desejamos já esclarecidos o significado do título “ Até quando , afinal . . . ? ” , bem como a abran-gencia e destinação dos comentários . Assim , pode-se , em síntese e como se segue , reafirmar alguns traços caricaturais identificadores da Coluna : – 1) amplitude de contextos ; – 2) diversifica- da temática ; – 3) responsavel liberdade de manifestação ; – 4) opção pelo não pessoal , focando abordagens eminentemente centradas no objeto ( destinatário ) das ações e não no sujeito das a- ções ; – naquilo que , considerado conveniente , pode ( ou podia ) e deve ( ou devia ) ser feito ; – inversamente , na atividade que , não se mostrando aconselhavel e/ou viavel , não pode ( ou não podia ) e não deve ( ou não devia ) ser executado . Convem reafirmar : a contextualização é am- pla , podendo tratar de questões relacionadas às empresas privadas ou à administração pública , esta em qualquer uma de suas esferas ; – espacialmente , não deve haver barreiras e limites geo- gráficos ; – as prioridades e decorrentes enfoques podem estar voltados para um ou mais dos inúmeros setores da Sociedade local e/ou macro regional .
Mesmo reconhecendo já ser longa e bem exaustiva a explicação ( justificativa) quanto ao título da Coluna , consideramos válido registrar , uma vez mais , que o chamado “ Papa da paz ” , Paulo VI , recomendando urgente e salutar correção à míope concepção de um desenvolvimento unicamente economico , foi muito feliz quando de sua enfática , oportuna e corajosa proclamação : “ desenvol- vimento é o novo nome da paz ” . Evidentemente , Paulo VI se referia a um processo de integral desenvolvimento e não , simplesmente , de crescimento ou progresso economico . Movidos por compreensivel preocupação com a geração de empregos , tendenciosamente somos – se apenas focados nos resultantes aspectos positivos – tentados a pensar , desejar ardentemente e postular insistentemente por mais industrialização que , viabilizada , nem sempre se sustenta por não res- ponder prévia e satisfatoriamente às básicas e seguintes indagações indicadas pela conhecida fór- mula ou ferramenta administrativa 5W 2H assim colocadas : O QUE INDUSTRIALIZAR ( ou produzir) ? – POR QUE ? – ONDE ? ( área urbana ou rural ? , qual município , região , estado , país , etc. ? ) – QUANDO ? – QUEM VAI INDUSTRIALIZAR ? ( com que recursos humanos e de onde vem , etc. ) – COMO VAI INDUSTRIALIZAR ? – POR QUANTO ? ( a que custo financeiro ? , ambiental ? ... etc. ) .
Há que se ter muita cautela pois , geralmente , o crescimento desmesurado da(s) cidade(s) , em decorrencia do processo de industrialização , provoca exagerado consumismo , supérfluo luxo e es- banjamento de recursos , tudo em detrimento das mais básicas e legítimas aspirações e de me-lhor qualidade de vida também para o campo , aqui incluídos os Distritos e pequenas Comunida- des Rurais . O necessário atendimento aos anseios do meio rural , implica em destemido enfren-tamento e combate à miséria e à criminalidade , efetiva educação de qualidade , ágil acesso ao sistema de saude , atenta , pronta e eficaz segurança , melhores chances de estável e justo empre- go , melhor oferta de adequadas moradias e alimentação , mais conforto e lazer . Conturbados e asfixiados centros e bairros periféricos urbanos , na maioria das vezes , tem por degradante mol- dura os afavelamentos e bolsões de extremada miséria nos quais se agiganta, eviscera e impera o pesadelo da criminalidade agressivamente estereotipada na fome , nas doenças transmissiveis , no analfabetismo , na desqualificação profissional e desemprego , na delinquencia , nos homicídios , nas drogas e na precoce e depravada sexualidade .
Insistindo quanto ao significado da indagação “ Até quando , afinal . . . ? ” , não nos parece correto qualificar o título como belicoso . Entendamos – de vez – o até nobre encargo que compete a todos os órgãos de imprensa , qual seja o de responsável – por vezes – onerosamente sob vários aspectos decorrentes de : divulgar e comentar procedentes fatos , tecer críticas imaginadas constru-tivas , apresentar sugestões próprias e/ou de terceiros , enfim – e se necessário – formular de-núncias sobre : possíveis desmandos , descasos , nepotismos , favorecimentos ilegais , desvios , locu-pletações , outras improbidades administrativas e . . . aquela incomoda , recorrente e irritante im-punidade cuja omissão , a bem da verdade , chega – mais vergonhosamente ainda – a sugerir al- gum grau de criminosa cumplicidade .
Em se tratando de discursos , comentários e escritos , nem sempre é válido conhecido ditado latino que , em idioma português , sentencia : “ sejas breve e agradarás ” . Pelo referido “ basta ” ( ou bastas ) da indagação “ Até quando , afinal . . . ? ” somos todos , lato sensu , convidados a ouvir an-gustiante apelo ou “ grito de alerta ” às nossas consciencias , o que nos induz a renegar a estéril e até irresponsavel postura de meros e contemplativos expectadores , assumindo efetivo e partilha-do protagonismo que se nos impõe a todos .
Assim , em qualquer nível ou dimensão geográfica , a atual , inquietante e caótica situação em que nos encontramos não deixa – por certo – de ser consequencia de “ descasos ” para com os legí-timos interesses da Comunidade ou , então – o que em nada reduz a gravidade – caracteriza ex-tremada infidelidade às promessas e falaciosos discursos que , verdadeiramente , só servem às elei-ções , daí o apelido de “ calotes eleitorais ” . O atual quadro impõe ações de conjunto a partir , evidentemente , da clara visão de todos os problemas e de todos os seus fatores intervenientes . A conjuntura do momento , exige , igualmente , transformações urgentes , audaciosas e profunda-mente inovadoras . E , como se diz na gíria , “ é , exatamente aqui , que já há muito o bicho pegou ” . Trata-se , evidentemente , de cuidadosa e honesta tarefa que não pode prescindir de confiavel diagnóstico que , simultaneamente , deve mapear , identificar e analisar alternativas das mais viáveis e estratégicas potencialidades .
Recorramos , agora , ao título e façamos as indagações : “ Até quando , afinal , abdicaremos de nos-sos sonhos ? ” . . . “ Até quando , afinal , rejeitaremos os sonhadores , os visionários ? ” . . . “ Até quando , afinal , perdurará o nosso imaginado poder de negar espaços aos que sonham ? ”
Como bem nos lembra Edro de Carvalho , autor de “ Feliz dia de hoje ! ” : “ a realidade é o que já existe , é o que é e , caos ou não , catástrofe ou não , é o que está aí , posto aos nossos olhos e com o que , dia após dia , nós convivemos , irritados ou não . . . Diferentemente , o sonho é o que ainda não existe , constituindo força potencial que pode expandir e transformar a realida-de . . . O sonho é o futuro , onde jogamos nossos desejos e ambições . . . Sem que tenhamos sonhos não chegaremos a parte alguma . . . Entretanto , não confundamos sonhos com fantasias . . . O sonho que não se concretiza não passa de fantasia . . . É preciso ir à luta . . . Não bas-ta contemplar , falar e pensar que acredita . . . ” .
Sim , concordamos com Edro pois , de fato , o sonho é o futuro , onde jogamos nossas aspirações dentre as quais – quem sabe – até as mais sublimes . Entretanto , não entendamos o “ jogar sonho no futuro ” como sendo uma conduta de abandono como o jogar no futuro , jogar no lixo por ser algo desprezivel , descartavel , o que , aliás , deverá acontecer só a partir da realização do sonho que , uma vez concretizado , já é , evidentemente , realidade e não mais sonho . Julgando conveniente , parece-nos oportuna a advertencia : – que nos acautelemos , nos precavenhamos , pois , uma vez mais poderá acontecer que muitos dos nossos sonhos e projetos sejam prometidos mesmo que , consciente e antecipadamente , já tenham sido preteridos e/ou abandonados até que , irresponsavelmente , sirvam como novas promessas nas próximas disputas eleitorais . A rea-lidade é o caos que tanto incomoda a todos , sendo – lamentável e costumeiramente – consequencia da vontade , da comodidade , da timidez , da incapacidade de poucos . Urge promover transformações para as quais devem ser bem vindos os sonhadores , os visionários , os felizar- zardos que padecem de utopia , os audaciosos , os corajosos , abnegados e experientes empreen- dedores .
Conforme a já referida amplitude de espectro dos assuntos , outras indagações poderão ser consi-deradas pertinentes constituindo , assim , objetos de questionamentos como : – “ Até quando , afi-nal , prosseguirão as agressões à natureza e ao seu meio ambiente gerando , em resposta , inima-ginaveis e dizimadoras catástrofes ou hecatombes ? ” ; – “ até quando , afinal , o ‘ homo sapiens ’ trairá os nobres propósitos dos iluminados filósofos do século XVIII , dentre os quais há que reco-nhecer a inegavel influencia de pensadores franceses como : Rousseau , Diderot , Montesquieu, d’A-lembert , Voltaire . . . ? ” ; – salvo engano , apenas iluminado e hiper aquecido o fisiologismo ; – pe-lo menos , até aqui , na própria França , ‘ berço do trinitário e inspirador ideal de liberdade , igual-dade e fraternidade ’ , constata-se , praticamente , um ‘ zero ’ para os três citados pilares de sus-tentação , uma vez que a liberdade revestiu-se patológica ou , apenas , vista como arremedo do verdadeiro e elevado sentimento ; – seria desconfortável assegurar haver sadia e autentica liber-dade quando , ao contrário e verdadeiramente , observa-se falsa ou extremadamente capenga li-berdade ( daí a alcunha de patológica ) uma vez impregnada por excessiva , abusiva e perniciosa libertinagem abandonada ao laissez faire ; – igual nulidade para a sonhada igualdade , como para a decantada fraternidade . – Findo o absolutismo monárquico , projeta-se , avidamente , a burgue-sia , eclode a Revolução Industrial , desponta e exacerba-se um capitalismo selvagem e ambicioso no qual a insaciavel classe dos mais favorecidos e que já tem muito não se contenta e quer sem- pre mais , mesmo que tudo aconteça em total desrespeito e prejuízo do operariado , este , pro-gressivamente , mais empobrecido e tentando , miseravelmente , sobreviver sob as mais degradan-tes e sub-humanas condições .
Compreensivelmente , embora não devam existir barreiras geográficas que se interponham e impe-çam as abordagens , provavelmente haverá significativa predominancia no enfoque daquelas ques-tões mais próximas , que possam ser do dia a dia e que nos toquem mais diretamente e , isso , por certo , num crescendo de frequencia na medida que se aproxima do epicentro do contexto . Em decorrencia e já adiantando sobre o portfólio do “ até quando , . . . ” , seguramente será mui-to dificil fugir e evitar temas que permeiem : – o nosso caótico sistema de educação , saúde e segurança ; – os inquietantes e suicidas gargalos e congestionamentos do transito urbano ; – as prioridades e critérios legais adotados tanto na elaboração de orçamentos públicos como na sua execução e competente fiscalização ; – o descompasso e desacertada articulação dos principais segmentos , setores , parceiros ou forças comunitárias , reconhecidamente até já existentes mas que , por efeito de fatores diversos , tem evidenciado e sugerido haver um certo grau de danosa incompetencia política própria e decorrentes submissão e dependencia a exógenas influencias nem sempre tão afinadas e comprometidas com os prioritários interesses regionais ; – a referida , im-prescindivel e soberana competencia política que resulta do recíproco respeito , bem como da efe-tiva e livre interação dos tres poderes constituidos – executivo, legislativo e judiciário que existem para , em completa harmonia , servir à sociedade e não para se servir da sociedade , para servir ao homem como justificável fim e não para servir ao Estado ou , o que é gravíssimo , para con-ceder vantagens e privilégios às pessoas dos próprios governantes administradores públicos e/ou – como instrumento de barganhas – a seus apadrinhados ; – a sociedade não pode abdicar do efetivo , livre e pleno exercício dos tres poderes cuja necessária interdependencia não pode signifi-car os insistentes e agressivos sequestros e/ou transferencias de funções e respectivas responsabi-lidades , tal como se observa especialmente nas relações entre o executivo e o legislativo ; a sus-tentabilidade e performance do governo , em seus vários níveis , tem sido ameaçada ou onerosa-mente assegurada em função do grau de favorecimentos corrupta e impunemente concedidos; em decorrencia e evidentemente , tornou-se mais simples e estratégico investir na eleição de políticos praticamente em nada comprometidos com os reais interesses do povo que , vale destacar , será quem pagará a insuportavel conta .
Finalizando enfim , renovamos agradecimentos e registramos a expectativa de que o mencionado portfólio da Coluna seja salutarmente enriquecido por críticas , ante as quais não estamos imunes, e/ou por questões sugeridas pelos próprios leitores acessando www.atequando@onorte.com.br
Abençoados por Deus , entreguemo-nos ao nobre munus que nos compete a todos , qual seja o de bem servir ao integral desenvolvimento do homem .
