José Wilson Santos
zewilsonsantos@hotmail.com
Nos Estados Unidos, o vovô assaltante, um cara que tem roubado com borra pequenos correspondentes bancários, é ídolo da moçada e tem numeroso fã clube na internet. Os caras idolatram de boa o ‘vagaba’, vestindo camisetas com frases a enaltecê-lo.
Policiais, no Rio, deixaram de socorrer a vítima — um jovem de apenas 20 anos, que poderia ter tido alguma chance de sobrevivência — e liberaram o atropelador para achacá-lo (extorquir, furtar, roubar) em R$ 10 mil.
Na Região Metropolitana de Belzonte, centenas de pessoas receberam o goleiro Bruno, dia desses, na saída de uma audiência, com gritinhos frescurais de ‘lindo’ e ‘eu te amo’ e uma saraivada de palmas.
Na net e na comunicação escrita têm pintado frases macabras, de mau gosto extremo, desumanamente inadequadas para o horror que sucedeu, tratando com humor negro o fim trágico de Eliza, uma jovem de vinte e poucos anos, como se assassinato fosse uma coisinha engraçadinha, trivial.
E em meio a tudo isso, o governo regulamenta na forma da lei a educação que os pais podem dispensar aos seus filhos: necas de palmadas, beliscões, puxões de orelhas ou outras manifestações de desagrado com vistas a corrigir os pimpolhos.
Homessa! (antiga interjeição originada da junção de homem + essa, no sentido de quem diz: “homem! Essa agora...” Tem o mesmo sentido de ‘ora essa’, indicando que a pessoa está espantada ou intrigada com algo de que teve notícia. Também é grafada na forma “hom´essa”.)
Quo vadis? Pra onde vamos nesse andar da carruagem, índio velho? Pra tonga da mironga do cabuletê?
Aqui e alhures (noutro lugar), as pessoas passam por uma crise cavalar de abstinência ética e moral. Bons costumes, decência, honestidade, racionalidade, esses trenzinhos que um dia distinguiram a gente do resto da bicharada, foram pro saco faz tempo.
Acá, índio velho, o sistema é incapaz de fazer cumprir a lei na grande maioria dos casos. É fato venérico, meu chapa, à vista de quem quiser ver! Como é o uso do cachimbo que deixa a boca torta, deu no que deu. Os caras ficaram completamente sem noção, não respeitam nada nem ninguém. Tudo é passível do nosso famoso jeitinho, de uma molhadinha na mão, ou de apelar para a pura e simples prescrição, já que trocentos milhões de processos, para ontem, dormem o sono dos justos nos porões escurinhos da justiça.
Tem sido uma guerra educar os filhos conforme a ética, a moral e os bons costumes, porque isso faz tempo virou estória da carochinha. Enraizou-se até o fundo da alma das novas gerações a certeza de que ser honesto é passar atestado de babaca. Como defender a bandeira da honestidade e da moralidade, se os fatos teimam em mostrar que esperteza é o mais novo sinônimo de mal caratice?
Parece ter tudo a ver com la plata, money, bufunfa, cascalho, dindim. O vil metal nem precisa de alavanca para mover o mundo, abrir caminho. A sociedade escancara as portas e os braços para o dinheiro e para quem o porta, sem dar à mínima para o caminho percorrido pela grana. E daí se vem do tráfico de drogas, do banco assaltado ou do crime de latrocínio? Dinheiro é dinheiro, meu chapa. E parece ser ele, solamente ele, que importa.
Essa permissividade implantou a cultura da desonestidade gratuita e do desrespeito a tudo e a todos. E agora, por força de lei, não podemos mais ser persuasivos e contundentes com a molecada, na hora de educar.
Putz. Parece que estamos de volta à época da barbárie.
Valha-nos Deus!