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Segunda-Feira,22 de Dezembro

Quem tem coragem de discutir?

Por Eduardo Costa

Jornal O Norte
Publicado em 31/10/2013 às 10:07.Atualizado em 15/11/2021 às 17:14.

* Eduardo Costa

Se a gente for entrar no mérito de cada uma das manifestações a que assistimos todos os dias acabaremos por encontrar justificativas para todas elas. Como será notado o sem-teto que pena sob o sol e chuva se ele não queimar pneus e fechar a rodovia? E os professores, historicamente jogados para segundo plano, conseguirão algo além de 5% de reajuste se não gritarem em praça pública? Mas, de novo, quero insistir na necessidade de uma grande discussão em Belo Horizonte sobre os limites da liberdade de manifestação. Hoje, a gente não pode garantir que estará no trabalho ou na escola na hora combinada porque as manifestações não têm qualquer tipo de aviso prévio.

É só rever as imagens de ontem e anteontem na interditada rodovia de ligação entre Contagem e Esmeraldas. Duro ver as crianças dentro dos ônibus, desoladas, e pessoas que precisavam chegar ao médico, à fisioterapia, a uma entrevista de trabalho; todos lá, durante quatro horas, assistindo a um diálogo de surdos entre a polícia e os atores da manifestação. Estes queriam falar com o prefeito Carlim Moura, que estava na China, e, a julgar pelos apoios mais esquisitos que teve, duvido que possa governar direito. Nossos respeitos aos que brigam por um teto, mas, e os outros, pagadores de impostos, por que têm de ser punidos?

O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte está com projeto tentando regulamentar as manifestações na capital. Pela proposta, todas têm de ser comunicadas à polícia 24 horas antes. Terão sempre uma pista garantida para circularem, podendo ampliar dependendo da quantidade de pessoas e de avaliação da Polícia Militar, com o desenrolar dos fatos. Ele vai apanhar e muito com a proposta, mas, se estivesse lá, como vereador, também teria a coragem de discutir o assunto, ainda que pareça antipático, antidemocrático e politicamente incorreto. Se o prefeito faz raiva quando não discute com as lideranças uma operação urbana que vai mexer com toda a cidade, se, antes, não convoca a Conferência Municipal de Política Urbana como prometido em lei, devemos manifestar nossa indignação. Gritar a todos os pulmões. Mas, por que não na rua Goiás? Fechar a Afonso Pena é punir os que também querem uma cidade plural. Então, devíamos ter uma lei para disciplinar os protestos e outra, antes, para obrigar os governantes a discutir seriamente as questões.

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