* Eduardo Costa
Até hoje não apareceu o nome do responsável pela fiscalização das obras do viaduto que caiu na avenida Pedro I porque não havia um engenheiro cumprindo esse papel. Permito-me especular por dois motivos: pela ausência de respostas para essa e outras perguntas e por tudo o que ouvi desde aquela quinta-feira à tarde quando o inacreditável aconteceu. Já sei, também, de onde devem vir, urgentemente, as razões e os pedidos de desculpas: da Sudecap, Superintendência de Desenvolvimento da Capital, através de sua diretoria de obras, e do Conselho Regional de Engenharia (Crea), por seu serviço de fiscalização. Essas duas referências nas obras da cidade devem explicações às nossas inquietações.
Por que digo isso? Porque o engenheiro responsável pela fiscalização da obra, quando ela começou, era Joaquim Gonçalves Pimenta Filho. Hoje, quando procurado por repórteres, ele evita qualquer comentário, afirmando apenas que trabalhou na Sudecap por 40 anos 255 dias e que, logo após a reeleição do prefeito Marcio Lacerda, pediu aposentadoria, consumada em 7 de dezembro de 2012. Três meses antes, ele não já não respondia como responsável técnico pelo viaduto Batalha dos Guararapes. Aliás, essa obra do Move é mesmo uma novela. Em setembro de 2009, o presidente da BHTrans disse que teríamos o sistema implantado em 2010. Em agosto deste ano é que ficaram prontos os projetos, elaborados pela Consol.
A obra, no todo, na Pedro I desde a José Dias Bicalho até a Estação de Venda Nova, foi alvo de dois contratos, ambos com a Cowan e a Delta (aquela, dos escândalos, que transferiu seus 20 por cento para Cowan), no total de 170 milhões de reais. O segundo contrato, que incluída o viaduto cuja base cedeu e o outro o que caiu, teve as obras iniciadas em abril do ano passado. Portanto, não há dúvidas de que a empreiteira responsável por todas as obras, incluindo as de artes, é a Cowan. Também parece claro que a causa do desmoronamento está em um pilar construído com cinco estacas de 22 metros de profundidade e 80 centímetros de diâmetro, de cada lado, instaladas sobre um bloco de concreto com oito metros de cumprimento e quatro de largura, pesando 1.300 toneladas.
Mas a causa da queda do viaduto e a responsabilização criminal dos culpados pela falha são tratadas em processo naturalmente mais lento e de exclusividade da polícia. O que nós, que pagamos a conta e passamos a maior vergonha da Copa temos o direito de saber o mais depressa possível da Sudecap é quem estava fiscalizando a execução das obras. Talvez o superintendente, José Lauro Nogueira Terror, tenha dado uma pista, quando, na única entrevista, “admitiu falha de fiscalização”. É pouco. E o Crea, esse conselho que nos aborrece a todos, mandando fiscal quando a gente vai fazer um puxadinho, exigindo “ART”? Quem o Crea anotou como responsável técnico por uma obra daquela magnitude, no dia 26 de fevereiro de 2013, quando Joaquim foi lá e pediu baixa de seu nome? A Copa acabou; nossas dúvidas, não!