*Eduardo Costa
Um professor da rede estadual me procurou nesta terça-feira (19) para contar uma história. Vou tentar ser fiel ao relato dele, repassando-a a vocês. Em maio, um sargento da Polícia Militar foi procurado por uma mãe aflita, contando que o filho, de 16 anos, estuda no Instituto de Educação. Por mais incrível que possa parecer, o filho teve o celular roubado dentro do colégio e por um ex-aluno da instituição. E mais: o assaltante ameaçou:
“Se você me denunciar, volto e te pego porque, você sabe, continuarei na área”. A mãe também contou ao policial que conhecia o ladrão, que sempre o via na porta da escola, aterrorizando alunos, professores e funcionários. O PM procurou o diretor e este confirmou tudo. Então, mesmo tendo obrigações de policiamento ostensivo, o sargento decidiu dedicar atenção especial ao caso, pois, afinal, o Centro é sua área de atuação e aquele fato era demais para ele e para qualquer um de nós.
O PM fez pesquisas e descobriu diversas ocorrências de roubo, furtos e drogas envolvendo sempre o mesmo rapaz. Entrou no site do Tribunal de Justiça e lá estava uma condenação contra o mesmo bandido, mas, nesta havia a ressalva de ele poder responder em liberdade. O policial pediu uma ocorrência à mãe, para formalizar a queixa, e começou o monitorar o ladrão, conseguindo prendê-lo rapidamente, até porque o rapaz confirmou ter tomado o celular, prontamente revendido para um receptador, na Praça 7, que, como era de se esperar, negou tudo. Não restava alternativa ao sargento senão liberar o bandido. Mas, profissional, decidiu fazer nova ocorrência e orientou a mãe para procurar a delegacia. Ela fez isso, falou com o delegado; este – outro bom servidor da segurança – repetiu as pesquisas, constatou a reincidência, não apenas de furtos como também roubo, ameaças e importunação. O delegado foi além, conseguiu mandado e mandou prender o rapaz. Na última segunda-feira, dia 18, um juiz mandou liberar o acusado, por meio de um habeas corpus.
O professor me pergunta por meio de e-mail: “Onde vamos parar?” E eu respondo com outra pergunta: Quem poderá nos salvar se “Chapolim Colorado” só existe na TV?
É o fim do mundo. O cidadão é preso por uma serie de crimes, ganha o direito de continuar em liberdade, vai para a porta de um tradicional colégio assaltar todo mundo durante o dia e, de novo, a Justiça diz que ele deve continuar por aí, ameaçando quem quiser. Quem protege o garoto roubado, quem sossega a mãe dele, quem garante a integridade do mestre e quem devolve o ânimo ao sargento? Que hora da escuridão é essa que estamos vivendo?
Apertem o cinto, o piloto sumiu! Ou melhor, os que deviam nos pilotar estão em campanha, estão sempre em campanha, e nós, merecedores dos governantes que temos, tratemos de rezar para que os ladrões escolham outra escola e outros jovens que não os nossos, porque, na era do egoísmo, se a casa do vizinho está pegando fogo, a gente prepara água para permitir que as chamas cheguem até a nossa!