Por Eduardo Costa
Que semana repleta de esquisitices! Não é desconcertante que, depois de meses e meses o país inteiro acompanhando o julgamento dos acusados do maior escândalo da vida pública brasileira, sejamos convidados a assistir tudo de novo?
Sei que os nomes são diferentes e há justificativas legais para os tais recursos. Mas não parecem brechas legais bem usadas por advogados famosos e bem pagos na luta por salvar crápulas das garras da lei?Já seria por demais triste para qualquer um de nós, que já não aguenta a carga tributária e a ineficiência dos serviços públicos. Todavia, é revoltante por estimular a cultura nacional de impunidade.
Vejamos alguns exemplos da semana: uma mulher furtou sete garrafas de cachaça em um supermercado, levando uma a uma até a rua onde um comparsa esperava; um adolescente foi arrombar um caixa eletrônico e acabou dormindo dentro da agência bancária de tão dopado; câmeras de segurança flagraram manifestantes usando drogas, desfilando pelados e fazendo sexo dentro da Câmara Municipal; um pai confessou ter abusado sexualmente da filha de 42 dias de idade, além de admitir que se excita quando as filhas tomam banho ou ficam em determinadas posições perto dele...
Afinal, estamos ou não no fundo do poço, sobretudo lembrando que os autores dos crimes aqui citados são reincidentes e, no caso do pai pedófilo, há registro de outras atrocidades contra filhas?
O que move essa gente além do sofrimento mental que não seja a sensação de que tudo terminará bem e, no caso de uma surpresa, no máximo serão alguns dias de reclusão, comendo e bebendo por nossa conta?
Mas como pensar em mudança, como pedir revisão de Código Penal se a nossa corte maior não consegue pôr os corruptos e corruptores no xadrez? Como acreditar em dias melhores se o nosso Judiciário, a exemplo do que faz sempre, vai aproveitar o feriado de amanhã em BH para fechar o fórum também na sexta, ignorando audiências e julgamentos que já demoraram anos?
E, no meio desse monte de interrogações, quando nos preparamos para comemorar a mudança de comportamento do goleiro Bruno, agora um homem agarrado à Bíblia, consciente dos limites e sabedor do quanto a família é importante, vêm os especialistas para dizer que é truque, coisa de artista, fingimento de quem quer sair rápido da cadeia. Não deixam a gente relaxar!
