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Sábado,20 de Dezembro

Quando se abre a torneira

Por Manoel Hygino

Jornal O Norte
Publicado em 19/02/2014 às 08:39.Atualizado em 15/11/2021 às 16:45.

*Manoel Hygino

Em 16 de janeiro, nos primeiros minutos do dia, uma equipe do 3º Pelotão de Bombeiros em Diamantina, foi chamada pra comparecer ao “Acervo Cultural Casa de Juscelino Kubitschek” para combater um princípio de incêndio. A unidade se deslocou rapidamente, mas constatou que o fogo se extinguira espontaneamente. A despeito disso, danos foram causados à fachada do imóvel – “Casa de Juscelino”, com derretimento parcial da pintura da porta e de duas janelas, além da parede frontal da residência.

Há indícios de que o ato tenha sido criminoso, pelo cheiro de querosene no local e um palito de fósforo junto à porta. Solicitou-se, como em todos esses casos, a polícia técnica. O mais intrigante era averiguar que motivação existia para o delito. JK foi o presidente mais querido do Brasil, admirado e amado até hoje, “o homem de visão do Brasil. Uma das personagens políticas mais ricas dos últimos tempos. Um homem que fez coisas impressionantes”, como registrou o “The York Times”.

O Brasil precisa preservar o nome e a memória de seus filhos mais ilustres e, evidentemente, Juscelino está entre eles. Com esse objetivo, Ronaldo Costa Couto lançou, no Auditório Vivaldi Moreira da Academia Mineira de Letras, em outubro, seu livro “O Essencial de JK: Visão e Grandeza, Paixão e Tristeza”.

O acadêmico, doutor em história pela Sorbonne, descreve os sonhos, a glória, os amores e as dores de um visionário que mudou os destinos do Brasil. De origem humilde, nascido em Diamantina, Juscelino repetiu a ousadia de Pedro, o Grande, na Rússia, mudando a capital nacional, para o que construiu uma cidade fantástica: Brasília, no planalto central do Brasil, como o soberano russo fizera com São Petersburgo.

Juscelino está vivo na lembrança do povo brasileiro, pela simpatia que irradiou, por grandes iniciativas, por sua atuação como médico e como político, pelo ser humano que foi, pelo mistério que envolve sua morte, objeto de polêmica e de aprofundados estudos técnicos.

Tive raras oportunidades de contatar JK. Numa delas, no Palácio do Catete, a Prefeitura de Belo Horizonte levou um minucioso projeto para captação de mananciais para abastecimento de água a Belo Horizonte, que atravessava um período mais difícil. O presidente surpreendeu – e aqui é absolutamente próprio o verbo. Anunciou, então, o aproveitamento do rio das Velhas, com financiamento pela União e construção da obra por uma autarquia federal. Graças a isso, a capital mineira conseguiu vencer um dos seus maiores desafios e chegar tranquilamente ao século XXI, com milhões de habitantes na região metropolitana. Quem abre a torneira de sua residência presentemente, e Minas enfrenta hoje uma grande seca, poderia dizer: “Obrigado, Juscelino”.

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