*Manoel Hygino
Os tempos são outros, mudaram os costumes, moçoilas aprenderam e adotaram o calão nos salões e no lar, a permissividade exagerou; à medida que as cidades crescem, também crescem os desvios. Não sem razão as ruas estão cheias de crianças mal educadas, já com risco de se perderem por ínvios caminhos. Ponderável parcela dos adolescentes já frequenta as escolas da droga e do crime.
É muito triste, mas absolutamente verdadeiro. Não se brinca mais de roda, de cabra-cega, de esconder como em épocas não muito remotas. A ingenuidade morre cedo. O hábito da televisão e, mais recentemente, dos computadores e outros eletrônicos vão afastando a infância da leitura e dos cadernos de anotações.
O ministro Ademar Ferreira Maciel, presidente da Academia Mineira de Letras Jurídicas, considerado levado pelos pais, resolveu certo dia fazer uma poesia em homenagem, em Lavras, a duas internas do Colégio Carlota Kemper, que jogavam vôlei muito bem. A poesia se perdeu e jamais foi encontrada, a despeito das exaustivas buscas. O futuro magistrado deixou seu recado.
Maria Braga Horta, uma das mais autênticas e expressivas vozes da poesia brasileira, nascida em Bom Jesus da Cachoeira Alegre, madrugou no verso, aos 12 anos de idade. Em Manhuaçu, integrou um grêmio literário e com 15, laborava belos sonetos, em que se tornou exímia. Encontrou um marido advogado e também poeta e é mãe de Anderson Braga Horta, que encanta com sua criação literária, o verso ou a oratória.
Minha terra não tem mais palmeiras como antigamente, mas sim preciosos talentos, alguns já consagrados. Giowana Nunes de Pinho Veloso, porém, mostra que o computador não se presta apenas para trabalhos escolares e pesquisas. Aos 12 anos, escreveu o livro “Coisa de Adolescente”. Waldir, professor e escritor, e Dária, pais, se orgulham das qualidades literárias da filha. Os méritos são também reconhecidos por dona Yvonne de Oliveira Silveira, mestra querida da cidade, professora de Teoria da Literatura e presidente da Academia Montes-clarense de Letras.
Para Dona Yvonne, “Coisa de Adolescente” é criativo, é interessante pela recriação de diálogos que não perdem a realidade, pondo também a descoberto seu interior, desnudando-se pensamentos, emoções, a vida. Abono e corroboro plenamente a professora, que sabe o que diz e sobre o que opina. A menina Giowana, enfim, lança um feixe de luz na vida dilacerada e agressiva das crianças e adolescentes de agora.