YMMA Martins Rego
O ar puro da natureza e de vida veio forte nos meus pulmões, fazendo que respirasse ofegante. Podia sentir os raios do sol sobre a minha pele e o cheiro forte e verde do campo coberto de um tapete lindo e natural.
Posso imaginar cenas gravadas no meu cérebro quando criança, de minha adolescência e de momentos inesquecíveis, como flashes.
Naturalmente, não possuo falsa modéstia nem mesmo esnobismo da simplicidade, como é moda nos dias de hoje. Vivo em contato direto com a natureza que, na verdade, é para poucos.
É muito gratificante olhar em volta e ver o movimento das formigas e tentar entender qual é o diálogo que elas mantêm, e saber que escorregam pela terra conversando ao encontrarem diálogos pequenos e nervosos. Ver as abelhas carregando nas suas partes pequenos pontos da cor de ouro.
Ver os esquilos subindo nas árvores se protegendo dos cachorros.
Os micos-estrela dando sinal à sua tribo, avisando que tem alimento nas árvores. Pássaros formando seus ninhos, criando outras vidas, para me acordar no amanhecer com uma sinfonia que nenhuma orquestra pode imitar.
Olhar o céu azul quando de tarde para acompanhar as nuvens formando figuras imaginárias. E, quando chove, é fantástico ver o barulho da chuva caindo sobre as folhas, ver a terra encharcada, os raios e os trovões no céu, como se fosse uma batalha.
Saber que virá o sol e nascerão flores silvestres e lírios nativos.
Sentir o sabor das frutas como elas são naturalmente, sem sabor de remédio.
Saber que em todas as manhãs, quando o sol aponta atrás das montanhas, a galinha anunciará e terei ovos frescos para fortalecer o café da manhã.
É muito difícil ter doença, pois é tudo natural, e a própria natureza cura, mesmo sendo por momento pequeno, mas de muita valia.
E quando chega a noite, quando vêm os últimos raios tocando a minha face, vem o canto dos pássaros querendo se alojar para a noite chegar. Aparece uma música noturna que somente no escurecer é que dá para ouvir, simplesmente inacreditável.
Fico imaginando quando o tempo passar bastante, eu bem velha, sem os meus dentes, com dores da velhice. Somente me restará a lembrança de saber que estarei mais perto do meu fim, pois o meu corpo não dará mais conta de ficar em pé, e os meus olhos com uma sonolência contínua, que fecharão a todo instante.
Mesmo assim estarão na minha memória momentos vividos e revividos na melhor época da minha vida, quando o contato direto com a natureza me fez viver.
Agradeço por ter todos os sentidos e por poder usá-los, fazendo parte da natureza.