Psicologia: Interior(ize-se) - por Leila Silveira Miranda

Jornal O Norte
Publicado em 15/06/2007 às 11:47.Atualizado em 15/11/2021 às 08:07.
Leila Silveira Miranda *

Ao contrário do inicio do século passado quando a maior concentração populacional estava no campo, somos hoje um país, tipicamente urbano,  inchada de seres humanos na periferia das grandes metrópoles. 



Acabou a era dos coronéis, dos tropeiros, dos carros de boi, e parece que entramos na era dos assaltos, da violência e das catástrofes ambientais.



Através de cabos e antenas parabólicas e via satélites, os condomínios em bairros nobres e as palafitas de madeira, adormecem aos sons e imagens do mesmo canal de TV, da mesma novela, do mesmo jogo de futebol. Através da mídia há uma sensação de conexão, de participação, de contemporaneidade, que ameniza as grandes diferenças sociais, os enormes abismos econômicos, que caracterizam o país em desenvolvimento como o nosso.



As novas grandes cidades - e Montes Claros - caminham neste sentido a passos largos, estão literalmente sitiados por uma órbita que tenta se proteger cada vez mais entre grades, imensas  torres de concreto e/ou condomínios fechados.



Com a falência desse modelo , o que se nota agora é uma tendência ou vontade de buscar mais sossego e segurança. Parece que a simples transferência física das pessoas em busca de proteção e segurança é  pouco.  A questão portanto parece ser mais profunda. Pouco resolve apenas sabermos que queremos paz, e continuarmos a buzinar freneticamente no trânsito, a ignorar nossos vizinhos, a continuar pensando egoisticamente só no nosso umbigo, a contaminar mananciais e agredir o meio-ambiente.



O mais importante é buscar uma mudança no nosso INTERIOR.



É triste constatar que por preconceito, negação e dificuldades de lidar com os sentimentos e as emoções tidas como negativas, a saúde mental é relegada a plano secundário, pelas políticas públicas e que existe alguns políticos  pouco preocupados  com as questões sociais.



É triste constatar na sujeira e imundície das praias, rios e ruas, onde alguns não respeitam nem o dia nem o horário de colocar o lixo na rua. Fico perplexa ao deparar com os equipados veículos tocando musicas de gosto duvidoso, quebrando assim o que supostamente todos queremos, a paz .



Não podemos ficar apenas na superficialidade do exterior, não podemos apenas nos contentar com uma desintoxicação de fim de semana para voltarmos à rotina na 2ª feira cheios de gás para mais uma semana de trabalho.



A vida não pode ser uma guerra. Precisamos portanto parar. Precisamos quebrar este circulo vicioso se é que realmente estamos interessados numa mudança verdadeira.



Parar neste momento é vital. Parar para pensar, para meditar, para relaxar, para começar enxergar o que realmente desejamos com os olhos da mente e a certeza do coração.



Nossas viagens devem começar a mudar de itinerário, objetivo e meios de transportes se pararmos para pensar que tipo de mundo vamos deixar para os nossos filhos. Devemos começar agora mesmo , após acordar, antes de sair de casa , antes de dormir. Busque uma fita de relaxamento, faça uma conexão com o Deus do seu coração através de uma prece, contemple o belo, re-arranje seus móveis, areje seu lar, aprenda a respirar profundamente, agradeça ao criador por tudo que você já possui e desenvolva sua responsabilidade social e a de sua família.



Entre para alguma associação, participe da comunidade, ajude a organizar uma festa junina, seja voluntário, doe sangue. Converse com seus filhos, vá a escola para conhecer seu dia-a-dia e suas dificuldades, brinque com as crianças, colabore com um orfanato, separe o lixo doméstico, economize água, doe agasalhos, visite albergues, faça uma aula de dança, esquente seu casamento, surpreenda as pessoas. Retome seus estudos, faça um curso de teatro, conte histórias, saia com amigos, visite os parentes, pratique esportes. Acenda um incenso, tome um relaxante banho, pratique yoga, suba em uma árvore, ouça os sons da terra....!



Interiorize-se!  Mude sua vida!



* Psicóloga, professora do Isemoc/ Funorte


leilasilveira@bol.com.br

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