Leila Silveira
leilaasilveira@bol.com.br
O cinza representa o “rescaldo” da queima, do incêndio, da morte, da destruição, quase uma teimosa testemunha, que insiste em deixar restos de sua lembrança. Isto nos remete a sentimentos de tristeza, de saudade, de final de tempos, de fim de carreira.
Pode ser a cor preferida de aposentados, juizes, delegados, magistrados onde a sabedoria e a neutralidade se fundem numa imparcialidade cometida, sem a cor da vida e sem a escuridão da morte.
Espiritualmente as cinzas nos preparam para um momento de introspecção, de reflexão, de resistência... Pode ser encarada também como a possibilidade de renascimento, de surgimento, que como Fênix, ressurge das cinzas para uma nova oportunidade quando tudo indicava seu desaparecimento.
O cinza representa sobriedade, discrição e reflexão. A quarta feira de cinzas representa o final da alegria, do carnaval, o fim da ilusão, da fantasia, do sonho.
O cinza nos traz de volta à fria realidade, numa transição suave, porém firme, num movimento lento, porém reverso, numa mudança silenciosa, porém irreversível.
O céu cinzento nos sinaliza a proximidade e possibilidade de chuva, raios, trovoadas, tempo ruim enfim, como um aviso para nos recolher e ficarmos mais precavidos.
Usar o cinza é um sinal de algo ainda inacabado, de alguma mutação potencial, às vezes pouco visível e percebida a nível consciente.
Pode significar também no aspecto afetivo, dificuldade de envolvimento nas relações, sendo um traço marcante da “solteirice”, “disponibilidade” ou até “galinhagem”.
O cinza através de suas tonalidades mais claras ou mais escuras denota, dá pistas do real estado de espírito de quem o utiliza, na medida em que se ancoram no branco da paz ou no negro do luto.
O cinza é por sua própria natureza uma cor de transição, uma escolha temporária, uma postura mais observadora e atenta, e um sinal de pouca disposição para novas experiências no curto prazo. É a cor que as cobras assumem quando vão trocar de pele, quando estão na muda...
É a cor de quem quer se esquivar, não quer aparecer quer se esconder nas sombras ou na multidão, é a cor de quem quer ser ardiloso e irreconhecível: “a noite todos os gatos são partos”!
O cinza tanto está presente na pujança e ferocidade do urso que detesta ser incomodado em seu “habitat”, como serve de “camuflagem” para pequenos animais perseguidos pelos homens nos grandes centros urbanos, como os ratos.
É uma cor, portanto ambígua, ”nem boa nem ruim” por excelência, difícil de ser interpretada às vezes, mas de qualquer forma avessa aos estados de excitação, euforia, alegria e entusiasmo.
O cinza é uma cor “misturada”, complexa... Resulta de um processo interno (ou externo) de matizes diversas, mas que via de regra nos remete à reflexão, ao auto-conhecimento, a espiritualização como um passo essencial para a conquista de dias melhores, de manhãs mais coloridas, de um futuro mais criativo e gratificante, como sonhamos para todos nós.