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Sexta-Feira,9 de Maio

Psicologia e Comportamento: Série: choque de felicidade - O canto da sereia - por Leila Silveira

Jornal O Norte
Publicado em 04/01/2008 às 17:17.Atualizado em 15/11/2021 às 07:21.

Leila Silveira *



São várias as armadilhas que autotecemos para nos enroscar e impedir nossa caminhada em direção à paz interior que é o outro nome que dou à felicidade.



Encerrando esta série vamos tratar de algumas delas, talvez as mais importantes para mim, embora sejam infelizmente inúmeras as peças que nos pregamos, variados os assaltos, múltiplos os desencontros e sabotagens praticados contra nosso próprio bem-estar.



A maior enganação que acomete hoje o maior número de pessoas decorre do próprio modelo de sociedade capitalista em que estamos inseridos e comprometidos que com sua brutal máquina de guerra comercial e propagandista nos torna presas fáceis de sua mídia ilusória e convincente. O resultado é a inversão total dos valores éticos, morais, sociais, econômicos, ecológicos, familiares e espirituais, criando a falsa sensação de prazer baseado no consumo e na posse.



Desta corrida louca pelo ter sem limites, sobra ou aflora, a inveja, a competição, a ansiedade, o medo, a ira, que servem de alimento orgânico para a corrupção, a violência e a insegurança que vivemos.



Outra armadilha mais sutil, e nem por isso menos desastrosa em suas conseqüências para o individuo autovitimado é a síndrome da obediência.



Por temperamento herdado, conveniência pessoal, e educação manipuladora algumas pessoas muito certinhas, reféns de um modelo estereotipado acabam por querer agradar muito e sempre, na tentativa de corresponder às expectativas formuladas pelos pais, professores, amigos, vizinhos etc.



Orientado para fora, comprometido com objetivos e anseios de terceiros, muita gente entra em campo sem vontade, disputa jogos que não são deles, marcam gols contra, sem saber vestem a camisa errada, jogam nas posições que não são deles.



O resultado dramático apenas aparece como um ponto a mais nas estatísticas de suicídio, desemprego, separações, depressões, enxaqueca, insônias e acidentes vasculares de todos os tipos.



O fato é que ninguém engana ninguém (nem a nós próprios) o tempo inteiro e chega um dia um dia que a ficha cai e nos descobrimos lobos na pele de cordeiro (ou vice-versa), marionetes humanas, estranhos no ninho, e nos sentimos nus, enganados, abobalhados e perplexos. Seguem acesso de fúria, negação e choro diante do desastre consumado do tipo: não fiz o que eu queria, não escolhi a profissão dos meus sonhos, abandonei minhas paixões, desprezei minhas origens, ignorei minha espiritualidade, sufoquei meus sonhos...



A terceira armadilha que quero salientar é a alicerçada na certeza. Os declínios, os grandes desastres da humanidade, as grandes quedas e derrocadas de impérios e soberanos, ditadores e autocratas de plantão se iniciam a partir do momento em que se sentem absolutamente seguros, donos da verdade, certos de que têm sempre a razão e com tal perfeitamente auto-suficientes.



Seu pecado mortal consiste justamente em substituir a dúvida” inteligente, que o levava a escutar os demais, a estudar mais os assuntos, a ser mais curioso, humilde e atento, gerando todo um carisma em torno de si, capaz de atrair aliados, seduzir oponentes, transpor barreiras e atingir seus objetivos.



Instalada a certeza burra, se tornou desinteressado e autoritário, o que só fez afastar as pessoas de si, enfraquecer sua intuição e alianças e enterrar de vez seu império.



É justamente isso que acontece conosco quando nos deixamos levar apenas pelas conquistas materiais, profissionais, políticas, e começamos a nos levar a sério demais, a ter só certeza, a ter sempre razão, cometendo injustiças, ferindo quem está próximo, armando nossa própria sepultura.



Concluindo, o que quero alertar é que é importantíssimo concentrarmos naquilo que realmente é importante para nós!



É fundamental para atingirmos um alto grau de satisfação na vida fazer o que se gosta! Daí a importância de se autoconhecer, de identificar o temperamento herdado (expansivo, dócil, pessimista, ambicioso), suas habilidades pessoas e acadêmicas (exatas, humanas, biológicas) para escolher sua profissão, ou adequá-las às suas motivações e desejos genuínos.



Mais do que nunca, estou convencida que devemos investir o máximo possível naquilo em que somos realmente competentes, aquilo que nos credencia há um dia subir ao pódio mais alto, aspirar aos perfumes mais sublimes, brilhar na galeria de talentos ou simplesmente atender o que nossa alma nos pede: ser feliz e usufruir o seu canto de sereia!...



* Psicóloga, professora do Isemoc/ Funorte


leilasilveira@bol.com.br

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