Leila Silveira
Sem sombra de dúvidas, a felicidade é o objetivo maior na vida de qualquer ser humano. Estamos aqui na Terra de passagem, para descobrir, aumentar, aperfeiçoar nossa capacidade de nos amar e ao próximo e, portanto, de conquistar a serenidade interior, de nos sentirmos felizes, amorosos, solidários, plenos e conscientes.
Por tudo isto que o tema representa e por ter recebido sugestões por e-mails para escrever sobre o tema felicidade, é que iniciamos hoje, aqui em nosso espaço, uma nova série, na tentativa de reciclarmos nossos conceitos a respeito, e refletirmos um conjunto sobre este importante assunto.
A felicidade, como veremos neste e nos próximos artigos nas semanas seguintes, como qualquer outra virtude, bem, conquista, qualidade, não cai-do-céu, nem é privilégio genético ou muito menos dom de uns poucos iluminados pelos deuses. Assim como o amor, a prosperidade, a espiritualidade, a felicidade é fruto de uma busca, de esforço, de uma escolha, de um modo-favorável-de-se-ver-a-vida que caracteriza certas trajetórias e identifica certos indivíduos.
A felicidade não tem nada a ver com poder, fama ou prestígio. É preciso em primeiro lugar descarrilar certos mitos que foram criados em torno do assunto, gerando superstições e crenças a respeito, o que tem levado apenas desalento à maioria das pessoas, como você e eu. Sim, pessoas comuns, que aparentemente com o mesmo estilo de vida, com o mesmo poderio sócio/econômico, com as mesmas oportunidades e desgostos, se opõem divergindo basicamente na forma de enxergar os acontecimentos, no modo de administrar seu dia-a-dia, que acabam por situá-las em dois blocos absolutamente distintos: felizes ou infelizes.
Felicidade não nasce feita!
Não está escrito na testa de nenhum recém-nascido se vai ser feliz ou não, quando se tornar adulto...
A felicidade, como qualquer outra prenda, tem que ser conquistada, batalhada no dia-a-dia e, acima de tudo, pla-ne-ja-da!
Alguém hoje em dia (com a dinâmica do capitalismo de nossa sociedade) se arriscaria a fazer uma viagem sem planejamento?
Da mesma forma (e com muito mais razão de ser) é que precisamos entender que a conquista da felicidade é uma meta a ser atingida, um marco a ser alcançado, um pódio a ser galgado...
Precisamos então de um plano de vôo, de uma estratégia de guerra, de táticas, de mapa da mina, de uma bússola, de um norte, de um objetivo. Sem tudo isto bem elaborado e assimilado em nosso cérebro (e coração), seria como na época das grandes navegações, lançar-se em alto-mar às escuras, sem um roteiro, sem rota, sem destino, sem porto seguro, inteiramente à deriva e sabor dos ventos e tempestades... O resultado provável de tal epopéia seria um naufrágio certo ou o vagar a esmo pelos mares...
Pode até parecer hilário, mas a primeira coisa que devemos elaborar é o nosso próprio consentimento, nossa espontânea e verdadeira permissão, abrindo as portas de nossas defesas e temores, dando-nos o direito de apossar de nossa felicidade almejada.
É como comprar o bilhete para nossa planejada viagem... Sem ele não podemos embarcar no trem ou no avião que nos conduzirá ao nosso destino.
Como qualquer outra coisa na vida, temos que saber exatamente o que queremos, e nos empenhar pessoalmente em prol de nosso objetivo maior: ser feliz!
Ao contrário do que muitos pensam, a felicidade (ou a infelicidade) não exige, não requer, não está vinculada a grandes proezas (ou desgraças), mas sim na forma com que lidamos com as pequenas coisas, na maneira com que nos portamos e nas pequenas atitudes que assumimos que, aos poucos somadas, vão se transformando numa grande massa de alegria, nos presenteando com o verdadeiro bolo de felicidade.
Precisamos entender a vida (e a felicidade faz parte dela) como um processo, uma sucessão de fatos e escolhas, uma caminhada de altos e baixos, os ventos indo e vindo, se multiplicando, mas que não podem nos afetar a seu bel-prazer, como palmeiras ao sabor da brisa marinha.
Precisamos nos fortalecer internamente para, como as valentes embarcações, enfrentar com humildade e paciência as tormentas do existir, aprendendo a nos sair ilesos e mais experientes de cada uma dessas provocações terrenas.
Da mesma forma, valorizar cada vento a favor, cada céu de brigadeiro, cada noite de lua cheia, cada enseada, cada brisa, desfraldando as velas com a mesma alegria de cada amanhecer.
O que quero dizer, concluindo esta primeira abordagem, é que ser feliz depende exclusivamente de nossa ótica, de nossa perspectiva, de cada detalhe a que damos importância, sendo portanto tênue a fronteira entre o abismo e a glória, entre a tristeza e o despertar.
Dê-se uma chance de ser feliz!
Compre o seu bilhete premiado para esta indescritível e infindável jornada do crescimento pessoal.
* Psicóloga, professora do Isemoc/ Funorte
leilasilveira@bol.com.br