PSICOLOGIA E COMPORTAMENTO - O poder da aprendizagem baseada em problemas - por Leila Silveira

Jornal O Norte
02/02/2008 às 09:27.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:24

· A economia do século XXI, movida pela globalização e pela rapidez da informação, exige cada vez mais dos profissionais uma mudança de perfil. Quem é universitário hoje deve estar preparado para enfrentar um mercado de trabalho com situações que exigirá enfoques inovadores bem como habilidades para resolução de problemas complexos. Eles deverão ter a capacidade de interagir com a comunidade através da aquisição de atitudes e disposições que incluem flexibilidade e adaptabilidade, isto é, valorização da diversidade, da motivação, persistência, conduta ética e de cidadania, criatividade e capacidade em trabalhar em equipe.

Inexoravelmente, essa flexibilidade exigida e valorizada no mercado também vem gerando reflexos no processo ensino/aprendizagem, que está aberto a novas metodologias, já que aprender a aprender faz parte de um dos pilares da educação.

Os personagens de tutor, relator, coordenador juntamente com os demais participantes interagem no Aprendizado Baseado em Problemas (Problem-Based Learning – PBL) e destaca o uso de um caso fictício ou não para o aprendizado, promove o desenvolvimento da habilidade de trabalhar em grupo, e também estimula o estudo individual, de acordo com os interesses e o ritmo de cada estudante. O aprendizado passa a ser centrado no aluno, que sai do papel de receptor passivo, para o de agente e principal responsável pelo seu aprendizado. Os professores que atuam como tutores nos grupos têm a oportunidade de conhecer bem os estudantes, já que os grupos são formados por 8 a 10 pessoas e se encontram em média duas vezes por semana. O professor não “ensina” da maneira tradicional, mas facilita a discussão dos alunos, conduzindo-os quando necessário e indicando os recursos didáticos úteis para cada situação. 

Ao se apresentar um problema aos alunos, numa sessão tutorial de abertura, os mesmos organizam suas idéias e conhecimentos prévios sobre o assunto apresentado, através de um “Brain storm” ou “chuva de idéias”.  Após o esclarecimento de termos difíceis ou desconhecidos os problemas são listados, e em seguida são formulados os objetivos de aprendizado, com base em tópicos considerados úteis para o esclarecimento e a resolução do problema. Na etapa seguinte os estudantes vão trabalhar independentemente, na busca de informações e na sua elaboração (estudo auto-dirigido) antes da próxima sessão tutorial, quando as informações trazidas por todos serão discutidas e integradas no contexto do caso-problema.

Essa metodologia apresenta como características principais o fato de ser centrada no estudante, interdisciplinar e orientada para a aprendizagem do adulto. Os estudos acerca desta metodologia têm se enriquecido com os conhecimentos sobre a gênese do processo cognitivo, da aprendizagem do adulto e da fisiologia da memória, ressaltando-se a importância da experiência prévia e da participação ativa como pontos fundamentais para a motivação e aquisição de conhecimentos. Todo o grupo também é estimulado a ouvir outras opiniões, mesmo que contrárias às suas e induz o aluno a assumir um papel ativo e responsável pelo seu aprendizado. A metodologia objetiva, ainda, conscientizar o aluno do que ele sabe e do que precisa aprender e motiva-o a ir buscar informações relevantes em fontes seguras, contribuir para o bom desempenho do grupo, respeitar os colegas e esperar a sua hora de intervir identificando assim os aspectos positivos a serem reforçados e fragilidades que necessitem de reforço para o desenvolvimento de habilidades necessárias ao trabalho efetivo do grupo. No final cada um comenta sua participação, dos colegas e do tutor.

O estudante coordenador é responsável pelo “gerenciamento” do encontro, mantendo o tema em discussão e assegurando que todos os alunos participem evitando que alguém monopolize a discussão. Já o estudante relator deve anotar a lista de objetivos de aprendizagem definidos na abertura do problema. Deve, ainda, fazer um “resumo” temático que deverá ser entregue ao término do Encontro de Resolução do Problema.

Ao final do ciclo de cada problema, o grupo deve escolher um novo coordenador e um novo relator, em sistema de rodízio.

Concluindo, o método atual baliza o que há de mais moderno no conceito de liderança. Modernamente falando um verdadeiro líder hoje é o “líder-servidor” (aquele que tem habilidades de identificar e ir de encontro com as necessidades (não vontades e desejos) dos seus comandados).

Com estudantes melhor preparados, usando seus recursos para a realização de suas metas e do bem comum e os professores-tutores tendo a oportunidade de transformarem-se em “mestres-servidores”, capazes de contribuir com seus acadêmicos na busca de seu crescimento holístico, caminharemos para atingir a tão sonhada magia do aprendendo a aprender. 

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