Leila Silveira Miranda
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Posso garantir para vocês que o bebê curte tanto o útero materno, que não deseja nascer. Eu e todos aqueles que já experimentaram fazer uma regressão até o útero materno e desta negação (resistência) é que nascem as dores do parto, que na realidade é uma real provação para qualquer mulher que decida encará-lo sem o conforto atual das anestesias e cesarianas de plantão. Basta refletir sobre o fato (talvez o mais marcante de nossa vida) e suas conseqüências, para perceber que contrariando profundamente nosso desejo e bem estar, chegar à vida só pode mesmo ser emoção e alegria para os familiares e amigos... A comemoração do bebê é com muito choro e ranger de dentes.
Diante de tal desastroso começo e uma interminável onda de influências, crenças e exemplos nem sempre muito inspiradoras é natural que essa criança, adolescente, adulto desenvolva padrões negativos durante sua educação que impedem de ter uma visão positiva do mundo, da realidade. O resultado é uma existência confusa, uma ótica míope, uma crescente superstição e uma séria candidatura à depressão e infelicidade!
Através desta série de artigos chamo a atenção com todas as letras para o desenvolvimento de um modelo de gestão de felicidade. Acredito que, como qualquer outro projeto, sua busca deve ser planejada, estudada, monitorada e alavancada sob pilares científicos e abordagens psicológicas facilitadoras.
Não se trata de um empreendimento simples e muito menos irrelevante, ao contrário, é (deveria ser) o principal objetivo de nossa missão transitória por este plano.
Assim, é preciso que a gente conheça pelo menos os fundamentos da antropologia/psicologia, especialmente os principais componentes de nossa mente, suas características e funcionamento, para entender melhor a dinâmica do pensamento, das motivações, das sensações e emoções humanas.
O chamado temperamento está ligado às motivações básicas e sensações automáticas no âmbito emocional, e atende pelo popular nome de gênio.
Gênio ou temperamento é realmente o tempero, o molho, o swing de cada um. Uns são doces, outros amargos, alguns picantes, muitos saborosos, uns tantos agressivos.
As pessoas, da mesma forma que não escolhem o seu signo, também herdam o temperamento que expressa o jeito natural de cada um, o instinto predominante. Uns são fogosos, outros aéreos, alguns tímidos e outros tantos melancólicos.
Já o caráter tem a ver mais com as nossas experiências e a interpretação que damos a elas, moldando assim o nosso jeito próprio de ser.
Como numa obra de arte (o que na realidade todos nós somos), o temperamento é o estilo, os traços, os contornos e o caráter sua moldura.
Este conjunto se interage e se completa, formando o que chamamos de personalidade.
Entender esses arquétipos e perceber sua vital importância na nossa maneira de ser e no nosso humor ajuda bastante para compreender nossas dificuldades, limitações, pontos fortes e fracos.
O humor, principalmente, é o grande artífice ou vilão nesta história toda e nele devemos investir toda a nossa criatividade, toda a nossa energia, toda a nossa competência.
Voltando à metáfora da tela, o humor representa a variedade das cores, os requintes de estilo, as nuances de tonalidades e matizes.
Sem o humor, nossa TV fica preto e branca...
O que caracteriza o humor saudável é a adequação ao uso, conhecida pelos especialistas em qualidade como conformidade.
É natural, portanto, dias e meses de tristeza durante o período de luto pela perda de um ente querido... Porém, um estado melancólico muito prolongado por anos a fio já é uma indicação suficiente de algum transtorno psicológico com necessidade de intervenção terapêutica. Portanto, conhecer bem o seu temperamento, analisar seu tipo de humor e aprender a lidar com esses espectros psicológicos e suas possíveis armadilhas, constitui o nosso desafio e justifica nossa preocupação de defender a necessidade de criarmos um sistema próprio de gestão que nos auxilie a desvencilhar dessas amarras, nos livre das soluções imediatas como as drogas, e nos dê as ferramentas adequadas para entrar nessa briga com postura altiva de quem tem reais chances de proclamar vencedor!
Lapide sua personalidade!
Valorize suas qualidades e competências!
Evite pensamentos radicais (tudo ou nada) e fuja das generalizações (nunca ou sempre).
Não tire conclusões precipitadas.
Não rotule.
Não se faça de vítima!
Não veja só o mal nos outros...