Psicologia e Comportamento: Amizade - por Leila Silveira Miranda

Jornal O Norte
Publicado em 19/07/2008 às 11:47.Atualizado em 15/11/2021 às 07:38.

Leila Silveira Miranda


leilaasilveira@bol.com.br



Sobre este sentimento tão antigo quanto a nossa humanidade, por trás desses singelos laços que unem almas, soldam corações, superam preconceitos, existe um sem numero de relatos, de estudos, de expressões que retratam a sabedoria dos mestres e a cultura popular.



Se quase tudo já foi dito sobre o assunto, para que retorná-lo então?



Psicologicamente falando estamos adoecendo a passos largos, na mesma proporção que se desenvolvem as novas tecnologias.



Não é exagero afirmar que a depressão será a doença deste novo século.



E o que tem a ver o nosso tema com essa tendência?



Não é coincidência que as amizades verdadeiras estão em baixa, substituídas cada vez mais pelas fofocas, mexericos e armações ilimitadas?



Para alguns, sentimentos nobres não emplacam mais, generosidade comove pouco e fidelidade é coisa do passado...



Este deslocamento do valor da amizade na formação dos jovens a cada nova geração vem contribuindo bastante para o aparecimento de novas doenças, todas elas conectadas a psique humana.



Da Grécia antiga, dos ensinamentos iniciados por Sócrates passando por Platão e Aristóteles, surgiu sua primeira conceituação na medida em que apregoava que deveríamos tratar os amigos como desejamos que eles nos tratem.



Shakespeare ousou ir mais longe à medida que anunciou como: amigos não são os que nos enxugam as lágrimas, mas aqueles que não as deixam cair.



Com a ironia e sutileza insuperáveis, Oscar Wild deu um grande passo ao reconhecer corajosamente que é fácil solidarizar-se com o sofrimento do amigo, difícil é fazê-lo com o êxito do alheio.



A melhor definição de amigo para mim, aprendi com o notório médico e antropólogo, o polêmico, Doutor Hely Bonini, que define amigo como sendo aquele que festeja nossas vitórias, aquele que torce realmente para o nosso sucesso, aquele que se alegra com as novas conquistas.



Realmente é fácil compadecer-se da derrota alheia, é muito cômodo chorar as perdas do outro. Difícil é aceitar sua superioridade, suas vitórias, seu sucesso, muitas vezes em detrimento do nosso, e se alegrar com ele.



A moderna psicologia tem comprovado de diversas formas a importância da amizade na nossa saúde mental. É com os amigos que desabafamos, reclamamos, confidenciamos, choramos, dividimos, celebramos, confiamos, enfim compartilhamos todas as emoções que movem nossas vidas.



A falta de amigos tem levado a exageros comportamentais na nossa sociedade, na tentativa de preencher este vazio existencial insubstituível tais como o apego aos animais domésticos e aos amigos virtuais, notórios companheiros das madrugadas na Internet, nem sempre confiáveis como aparentemente se apresentam...



Na falta de diálogo, no consumo de drogas e álcool, nas intermináveis baladas, nas gangs, na violência, residem os diversos tentáculos deste polvo indomável, terrível e assustador que é a solidão.



No mundo do trabalho, o pragmatismo, a manifestação, a competição acirrada vem gradativamente corroendo este sagrado espaço, onde outrora se reuniam colegas de trabalho, durante um expediente diário e solidário.



As nossas atuais novelas retratam bem este estado de coisas, re-alimentando sua volúpia em troca de mais alguns pontinhos da pesquisa de Ibope.



Aqui vão algumas dicas para desarmá-lo(a) e atrair novos e perdidos amigos(as):



Invista no seu autoconhecimento, pois isto lhe trará segurança psicológica;



Vivencie intensamente suas emoções sem receio em demonstrar seus sentimentos (elegantemente, claro!);



Transforme seus “inimigos” em adversários respeitáveis que trazem sem saber uma lição a lhe ensinar;



Jamais prive uma pessoa de esperança: pode ser que ela só tenha isso.



Seja aberto, acessível e o primeiro a perdoar.



Estimule, sorria, desculpe, agradeça, elogie, visite e viva a amizade.



A todos aqueles, atuais e futuros amigos, aquele abraço!

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