Leila Silveira Miranda *
Atendo hoje um pedido de nossa leitora M.L.S., que me escreve assim:
- Drª Leila Silveira, leio todas as quartas e sextas no jornal O Norte a sua coluna, e você sempre fala algo que me toca e que me ajuda no meu crescimento, como mãe, mulher e como profissional. Portanto, gostaria que você falasse sobre o tema agressão familiar, o que leva à agressão e seus fatores.
Como foi um pedido genérico e sem detalhes do problema que, com certeza, está enfrentando, vou procurar abordar os principais aspectos e origens desta conduta ou comportamento que acomete milhões de pessoas e desagrega milhares de famílias neste mundo afora.
Sei que várias outras pessoas como você estão enfrentando esta barra, cada um a seu modo, e que a agressividade, seja ela de que forma for (familiar, escolar, infantil, adolescente, urbana etc.), é apenas um sintoma, a ponta do iceberg, a manifestação hostil e desagradável de traumas, frustrações e vivências negativas acumuladas desde a mais tenra infância.
Por isto vou começar falando da agressividade infantil, onde as crianças são totalmente instintivas e emocionais, daí não saberem lidar com alguns sentimentos, expressando-os por meio de choros e birras.
Desde os tempos primitivos, até por questões de sobrevivência, o homem, que enfrentava feras e perigos naturais, teve de desenvolver sinais de agressividade, remanescentes até hoje no inconsciente coletivo. Porém, segundo alguns autores, a agressividade por si só não é um traço natural de nossa personalidade.
Ela pode surgir de circunstancias adversas em casa, na creche, na escola ou temos que nos policiar também na questão de limites, pois a falta de fixação deles pode gerar grandes insatisfações e desconfortos futuros para quem não aprendeu a lidar com um não.
É preciso, nesses casos, se persistirem de forma mais permanente, uma investigação maior junto à família/escola/creche/coleguinhas, para ver o que esta realmente acontecendo... Mas, retornando ao nosso raciocínio inicial, a agressividade de um modo geral é um sintoma de que algo vai mal na família, na escola ou no ambiente em que vivemos.
Pesquisa recente revela que 90% dos casos de comportamento agressivo de crianças e jovens adolescentes têm relação com um ambiente familiar hostil de repressão, carência, rejeição ou negligência, e isso se manifesta como uma reação a essa situação.
Para a criança/jovem, a casa é o seu modelo, sendo que o que ela vê, sente e presencia em casa será aprendido e será reproduzido no seu dia-a-dia.
Pais violentos, brigas conjugais, discussões permanentes, alcoolismo, brutalidade, são receitas certas para disseminar a agressividade no ambiente em que são observados, percebidos e incorporados nas crianças ou jovens em formação.
A escola, como já dissemos, também representa outro paradigma fundamental na medida que é uma extensão da casa, e não pode usar só a punição como método de atuação ou solução do problema.
A mídia também tem hoje, principalmente através da TV, um alto grau de responsabilidade nesta crescente onda de agressividade, na medida em que disponibiliza aberta e gratuitamente entretenimento baseado quase que exclusivamente na violência, nas armas, nos super-heróis, nos monstros e filmes de terror que deixam perturbados e ansiosos os indefesos telespectadores. Tudo isto sem contar com a farra dos videogames, alguns, verdadeiras aberrações virtuais que vão destruindo a pureza, inocência, tranqüilidade e doçura de nossos filhos.
Mas, diante de todo este quadro geral apresentado, continuo acreditando ser a família a base de tudo, e a principal responsável pela educação de nossas crianças e jovens.
Tenho observado ao longo de minha clínica os tipos de família mais comuns e os danos eventuais que estão a provocar em sua prole.
Existem famílias frias, sem afeto, sem aconchego, cheias de barreiras, distanciando seus membros que acabam por gerar uma prole sem emoção, insensível e perigosa.
Outras já são por demais aglutinadas, como a mafiosa, imortalizada no célebre filme O poderoso chefão, onde prevaleciam os interesses escusos da família em detrimento dos da sociedade.
Temos as famílias fragmentadas, que tiveram membros desassociados, e que formam novos pactos com outras pessoas de seu interesse. Isto sem se falar de famílias paranóicas onde a freqüência de conflitos é permanente, prejudicando seriamente a educação dos filhos e a harmonia interna.
Especificamente na relação mulher/marido, o que mais atrapalha é a competição, a disputa para ver quem está com a razão que, aos poucos, elimina o principal ingrediente de uma boa convivência, que é o diálogo.
Independente de qual dificuldade se encontra, nossa leitora deve estar se perguntando como serenar os ânimos, como melhorar o astral em casa.
Na realidade, estamos todos aqui na Terra com uma missão, e seja ela qual for depende de nos relacionarmos com outras pessoas, familiares ou não.
Este relacionamento se faz como se fosse uma troca energética, onde devem prevalecer as generosidades, o amor, a criatividade, a tolerância, a colaboração.
Ocorre que, neste mundo nosso atual, altamente globalizado e competitivo, as pessoas na realidade trocam uma energia de cunho negativo, como a inveja, a animosidade, a impaciência, o temor, o conflito...
É preciso então resgatar este quadro, este elo perdido, esta abordagem superior, onde as emoções são tratadas de uma forma mais espiritualizada e harmônica, devolvendo o necessário equilíbrio mental e emocional aos nossos ambientes, às nossas reflexões, aos nossos encontros, às nossas aspirações, aos nossos sonhos, às nossas almas...
Sei perfeitamente, que a vida não é só um mar de rosas e que uma andorinha só não faz verão, mas como em toda mudança, alguém tem que começar...
Comece você mesma a virar este jogo !
Caminhe, ore, medite, visualize, procure um grupo de apoio, uma ajuda especializada, incentive sua família a praticar algum esporte, (fonte de energia, disciplina e bem estar), desenvolva o perdão e vibre numa nova freqüência mental, que lhe trará alívio, inspiração e esperança para livrar deste tormento a si mesma e sua família, que por direito divino é maravilhosa e tem poltrona marcada no Expresso da alegria, da saúde e da paz, rumo à estação batizada de felicidade
Você merece!
Participe você também, sugerindo temas ou fazendo perguntas.
* Psicóloga, professora do Isemoc/ Funorte
leilasilveira@bol.com.br