Psicologia: A ilusão do espelho - por Leila Silveira Miranda

Jornal O Norte
Publicado em 18/07/2007 às 11:27.Atualizado em 15/11/2021 às 08:09.

Leila Silveira Miranda *



Escrevo hoje atendendo a leitora Marly que sugere os temas:  relacionamento de pai que não aceita seu filho usar brinco e como lidar com filha que não quer comer para ficar magra.



Basta um passeio pelos shoppings da vida ou um tour pelas lojas do centro da cidade, para percebermos o novo boom de consumo nacional.



Os comerciantes, empresários e profissionais já comemoram esta tendência nacional que já não é só patrimônio das mulheres, que é à busca de beleza, da higiene, da aparência do corpo sarado, do que é fashion , light, diet, ou qualquer coisa do gênero.



Do ponto de vista eminentemente físico é muito saudável as pessoas passarem a dar mais valor à saúde, ao condicionamento físico, tratamentos e cirurgias estéticas com a finalidade de emagrecer, rejuvenescer, ficarem mais bonitas.



Cuidar dos cabelos, perder uns quilinhos, retirar umas rugas precoces, realçar os seios, cuidar dos cabelos sempre fizeram a cabeça das mulheres, sempre serviu para levantar o astral do universo feminino...



A novidade é que os homens estão aderindo à moda para a alegria de todo o mercado da beleza e cosméticos.



Não é a toa que a industria dos cosméticos é uma das que mais cresce no país, a taxas superiores a 10% ao ano, de fazer inveja até os paises mais emergentes como a China e Índia.



Além do aspecto puramente econômico, existe o lado do comportamento e mentalidade ao ir deixando cair por terra o preconceito machista que vaidade é coisa de mulher.



Homens e rapazes hetero usam brinco, base nas unhas, hidratam os cabelos, depilam os pêlos indesejáveis, limpam a pele, faz cirurgias, massagem, drenagem linfática e colocam até próteses para aumentar o peitoral.



Psicologicamente, tudo é muito novo, as mudanças são muito rápidas e radicais e é ai que podem começar os problemas...



A nossa geração atual de pais e mães não foi preparada para toda esta revolução estética e de costumes, especialmente em relação ao filho homem.



Pode surgir conflito especialmente com a figura do pai, que não aceita determinados adornos ou modismos da galera mais jovem.



É muito importante haver o dialogo a intermediação da mulher (mãe) normalmente mais aberta a estas excentricidades dos filhos, para que não se perca a estrutura e harmonia familiar, importantíssima, para a formação saudável de qualquer adolescente.



Penso que uma radicalização paterna por causa às vezes de uma bobagem, um simples e inofensivo brinquinho na orelha do filhão, pode gerar animosidades desnecessárias, afastamento, revolta e conseqüências imprevisíveis no garoto.



Com as meninas o receio é justamente o contrário. Acostumadas, incentivadas para cultivarem a beleza e às vezes até muito cobradas para se tornarem verdadeiros modelos a atingir padrões estéticos amplamente vendidos pela mídia e que nem sempre têm haver com a constituição e biótipo da garota.



É preciso que os pais estejam alerta aos menores indícios desta paranóica mania de magreza que assombra as filhas adolescentes, tipo perda de peso exagerada, recusa em participar das refeições familiares e preocupação excessiva com o valor calórico dos alimentos.



Estes podem ser indícios suficientes que sua filha esteja padecendo de anorexia, que é um distúrbio alimentar por medo de engordar. Provavelmente se o quadro já se instalou é quase certo que ela já esteve fazendo uso de outros expedientes às escondidas como vomito, uso de laxantes, diuréticos e até jejum.



Se encontrar algum destes hábitos em sua filha, aja imediatamente, procure um profissional e trate a doença enquanto é tempo.



Fiz todo preâmbulo para concluir que o erro está sempre no exagero.



Como sempre desejamos o melhor para nossos filhos penso que o melhor caminho é sermos o mais verdadeiros espontâneos e expressar nossos sentimentos de uma forma assertiva, pois muitas vezes o que dói e machuca não é o que dizemos, mas como dizemos as coisas.



Boa sorte!



Participe por e-mail dando sugestões ou fazendo perguntas.



* Psicóloga, professora do Isemoc/ Funorte


leilasilveira@bol.com.br

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