“Mais importante do que estudar é ler”.
(Ziraldo)
Marcelo Valmor
Professor
Em artigo publicado na Folha de São Paulo (on line) do dia 01 de fevereiro último, o jornalista Gilberto Dimenstein, membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz, atesta, a partir de dados empíricos, que a profissão de professor entrou em uma falência absoluta.
Segundo ele, apenas 2% dos estudantes do ensino médio querem ser professores. Esse índice se aproxima de quase zero quando se trata de alunos de maior poder aquisitivo, e que estudam em escolas particulares.
Segundo o articulista, há dados ainda mais impressionantes. Segundo um relatório feito pela Fundação Getúlio Vargas a pedido da Fundação Victor Civita, os alunos recrutados para serem professores são oriundos, na sua absoluta maioria, das escolas públicas (90%) e com as piores notas. Para usar uma expressão do autor “o curso de licenciatura e pedagogia é, para muitos, a opção de quem não tem opção. O resto é apenas consequência”.
Essa realidade talvez pudesse ser constatada dentro das nossas próprias universidades. Há uma reclamação geral dos professores da área de humanas no que tange a formação dos alunos que recebem em suas salas de aulas. A maior crítica diz respeito a dificuldade em elaborar, num texto, uma série de conjunto de idéias (fundamental para quem vai ser professor). Por isso mesmo, e diante dessa carência na formação desses alunos no segundo grau, a culpa maior pela não aprendizagem nas universidades acaba por recair sobre os ombros do professor. Outro aspecto, ainda mais grave, diz respeito a falta de iniciativa dos alunos em procurar, através de estímulo próprio, os livros para poderem melhorar seu nível intelectual.
Talvez essas impressões do jornalista se restrinjam, somente, a área da grande São Paulo, onde ele recolhe a maioria das suas impressões. Mas uma pesquisa mais séria envolvendo o nosso universo de ensino, passando desde o segundo grau até a universidade, possa nos indicar aspectos semelhantes e, portanto, tratáveis a partir da realidade local.