Osmani Barbosa Neto (*)       

A histórica trajetória dos tropeiros, o tropel dos cavalos, as reses mugindo, o peão apreensivo com o estouro das boiadas, o vaqueiro valente e forte, aboiando estrada a fora, os pastos largos, é a terra abençoada, onde o sol da seca que enfrenta este homem forte, incansável, castiga, mas também fecunda, quando, ao cair da chuva, vem lavar o suor que brota dessa gente alegre e nunca abatida.        Nessa terra de muitos joãos, que nasceram nos rincões desse sertão abençoado, o produtor rural desponta no afluente do Verde Grande, nascem casas, currais e uma pequena capela com a imagem de Nossa Senhora, sendo a veneração desse homem que tanto enobrece o povo dessa terra, que veio prosperando, virando arraial, começando o criatório de gado para fornecer alimento para a sua gente.        

A riqueza da terra despertou tamanho interesse para uma fixação definitiva, suas pastagens de grande valor nutritivo alimentam grandes criatórios de gado, multiplicando e intensificando o desenvolvimento de Montes Claros, gerando renda, emprego e dignidade ao homem do campo. Com a multiplicação da produção bovina, implantou-se um dos maiores pilares da sustentação econômica de nossa região, trazendo para o seio de nossa sociedade o fortalecimento do homem do campo.        

Advindo de todas essas histórias, nasce o nosso Parque de Exposições, “João Alencar Athayde”, nos idos de 3 de Julho de 1957, com muita luta e perseverança de homens calejados, honestos, que tinham em suas visões o crescimento, o amparo e o desenvolvimento de uma região que despontava para um horizonte sólido, criando o espaço do criador que, chegando, hoje, com todos os recursos tecnológicos disponíveis, faz-nos lembrar, com lágrimas nos olhos, que estamos chegando aos 54 anos de existência do nosso Parque de Exposições, ressaltando que essencialmente o meio urbano depende, para seu desenvolvimento, do entorno rural.    


    


Vindo de longe, nasce a Sociedade Rural de Montes Claros, que foi Sociedade Agropecuária de Montes Claros, Associação Rural de Montes Claros, e de onde se organizou uma associação de classe para defender os interesses dos pecuaristas, arregimentando um conjunto de forças recíprocas, no seio da sociedade montesclarense. A Exposição Agropecuária de Montes Claros transforma o cenário da cidade numa placa de reconhecimento de uma prestação de serviços admirável, revisando todos os conceitos, permitindo a compreensão histórica para o desenvolvimento de uma região gloriosa, lutadora que nunca se abate às agruras do tempo.     


     


Já se vai longe à lembrança de meu avô, Osmani Barbosa, que, com muito cuidado, chegou com seus ideais aguçados, atingindo seus objetivos com maestria e dignidade, conduzindo seu intento com intensa atuação, onde me fascinava muito, com seus gestos grandiosos, inteligentes, despertando-me para a alegria de conviver nos leilões de gado, nos rodeios que o fascinava tanto, os amigos com quem sempre partilhava todos os passos do desenvolvimento regional. Amigos que são inesquecíveis: João Alencar Athayde, amigo forte; a nobreza de Nozinho Colares; o incansável Mauro de Araújo Moreira; o sempre Jaime Rebello; Nozinho Figueiredo, sempre fiel amigo; Lindolfo Laughton e Antônio Lafetá Rebello, que se eternizou, na paisagem administrativa de Montes Claros. E tanto outros, cuja lembrança gastaria folhas, que fizeram parte desta demonstração de vitalidade ilustrada pela história que eternizará esses grandes empreendedores sertanejos, bravos, fortes e incansáveis.        





Então, desde 1957, com a inauguração do Parque de Exposições João Alencar Athayde, com a presença do então ilustre governador do Estado, Doutor Juscelino Kubistchek, com inegável infra-estrutura, é um dos maiores geradores de renda para o Município e também é quem abraça uma das maiores festas, que toda região pode apreciar. Por tudo isso, deixo meu eterno e saudoso registro a todos esses fatos, com a certeza de que o produtor rural é sempre o homenageado, é o presente de todos os fatos. A história desses homens é muito ampla e, com todo o respeito que tenho pelo homem do campo, como eu, dedico a minha homenagem, sentindo uma verdadeira emoção de poder fazer parte desse mundo, que é o mundo rural. Parabéns a todos os produtores rurais.

(*) Presidente da Sociedade Rural de Montes Claros.