Manoel Hygino
Ano novo, inquietação de sempre, velhas perguntas sem resposta. Se bem que estamos certos de que os tributos serão majorados, o que se espera a cada virada do calendário. Época em que se faz o balanço do que se conseguiu fazer de proveitoso, do que falta realizar, das novas contas a quitar.
Quem acompanha os fatos constata o previsto: o lucro da Petrobras em 2012 foi o menor desde 2004, inferior ao de 2011, o pior da companhia. Em mensagem a investidores e acionistas, a direção da empresa atribuiu, então, o resultado, inédito em oito anos, à queda de 2% na produção de petróleo e ao aumento da importação de derivados a preços mais elevados. A Petrobrás advertiu, à época, que as perspectivas para 2013 não eram animadoras, mas prometia manter “o ritmo dos investimentos”.
E 2012 não foi bom, nem 2013 melhor. Em 2012, a Eletrobrás, que controla o maior parque gerador de energia do país, apresentou prejuízo de R$ 6,8 bilhões, também o maior de sua história. A empresa culpou a redução das tarifas pelo prejuízo. Mas, em 2013, o governo também insistiu na política de subsidiar o consumo. Com advertência: as companhias que tinham contratos a vencer de concessões de hidrelétricas e linhas de transmissão poderiam renová-los... desde que reduzissem os preços cobrados por sua produção. E não é só no campo da eletricidade e do petróleo.
A pobreza extrema ainda campeia. Segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2011, do IBGE, o mal atinge 8 milhões de pessoas no Brasil. A queda em 2011 foi de apenas 5,5% frente a 2009, quando o Brasil tinha 8,5 milhões de miseráveis, ou seja, 8,5 milhões da população, o dobro do indicado pela PNAD. Temos, com urgência, de esconder essas multidões de miseráveis durante a Copa do Mundo, cuja hora está chegando.
Outro cuidado é evitar que essa gente, quase sem voz e sem vez, forme um fluxo às capitais-sedes das grandes partidas. Seria um espetáculo desgracioso, que não coadunaria com a imagem de progresso que tentamos vender externamente. Em face dos números e percentuais, especialistas acham que a erradicação da miséria até 2014 foi um sonho que ficou para trás. É considerada miserável a família que recebe R$ 70/mês por pessoa.
Também não é novidade. Conforme o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário tem advertido, o Brasil é campeão na tributação de produtos alimentícios. Na média, americanos, alemães, espanhóis, portugueses, italianos, ingleses e franceses pagam menos impostos sobre a comida do que os brasileiros. Aliás, no passado ano, Brasília tentou amenizar a situação, justiça seja feita, sem efeito positivo. O problema é maior que o sonho.