Passo as férias trabalhando...

Por Patrícia Gomes

Jornal O Norte
Publicado em 10/09/2013 às 09:08.Atualizado em 15/11/2021 às 17:10.

Por Patrícia Gomes

Ele é quem dirige. Eu sou apenas uma espécie de copiloto. Prometi que não pegaria no volante, a não ser se fosse realmente necessário. Não foi. E cá estou eu no banco do carona exercendo a minha função. Não pense você que é fácil. Sou responsável pelo setor de alimentação, água, trilha sonora, fotografias da estrada e de seus personagens, mapas e GPS.

O setor cartográfico é o mais difícil de gerenciar e também o mais importante. Sim, porque entornar um gole de água no colo ou deixar migalhas pelo assoalho não dão muita dor de cabeça. Agora, confundir o rumo da viagem, viche, não presta. Com toda a pompa que a tarefa me permite, calculo distâncias, interpreto legendas, procuro sinal de internet, penso em que cidade deve ser a próxima parada, resolvo qual será o caminho. O combinado é o seguinte: copiloto indica a estrada correta, motorista tem todo o direito de optar por outro acesso, mas se ele se perder, vai ouvir até. Ok? Ok! Tem funcionado...

Para evitar incidentes desagradáveis, enchemos o tanque sempre que possível. Está quase vazio, enche. Está quase cheio, enche de novo! Nunca se sabe quando a visão de um posto de gasolina vai surgir como um oásis no deserto impiedoso. Muitas vezes, enxergamos de longe a estrutura do posto e quando chegamos mais perto, lemos: posto Melo, Falcão, Karolina, Royal, irmãos Bezerra I e II... E nada de bandeira, nada de imaginar que o fornecimento de combustível possa ser confiável. E nessa brincadeira, quase de pique-esconde, vamos investindo uma pequena fortuna no petróleo.

O problema é quando tudo coincide. O motorista pede água perto da bifurcação duvidosa, o tanque quase vazio exige atenção ao posto mais próximo e ainda passa um agrupado de jegues ou bodes e cabras bem no meio da estrada. Tenho que avaliar as prioridades. Primeiro tiro uma foto da inusitada cena, tantos bodes ou jegues juntos, só no Nordeste do país, não dá pra deixar passar em branco. Aí, sim, confiro no mapa a guinada certeira no trajeto, em seguida pesquiso as possibilidades de abastecimento. A água? Entrego assim que o motorista reclamar de desidratação... Mas, normalmente, tenho tempo de atender a todas as demandas sem desprezar qualquer necessidade urgente.

Mencionei que não durmo durante a viagem? Pois é...sou solidária ao solitário motorista. Não à toa, ao final de mais um dia de estrada, estou sempre mais cansada do que o que dirigiu por mil quilômetros... Servicinho pesado esse!

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