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Terça-Feira,24 de Dezembro

Parque de ex-posições - por Márcio Adriano Moraes

Jornal O Norte
Publicado em 16/07/2007 às 12:46.Atualizado em 15/11/2021 às 08:09.

Márcio Adriano Moraes *



Os 150 anos de Montes Claros foram regrados de apresentações artísticas, medalhas e homenagens. Nas visitações políticas, merecem destaque o senhor Governador de Minas e o vice-presidente da República Brasileira. Só faltou mesmo o companheiro para abrilhantar a festa do sesquicentenário. Apesar de a Praça de Esportes e a Praça da Matriz reforçarem as movimentações culturais, o grande palco foi o parque de exposições João Alencar Athayde.



O parque inaugurado no centenário da cidade tornou-se o centro dos eventos musicais. Mas, a intenção primeira não era essa. O Parque deveria ser, antes de tudo, de exposições agropecuárias. E graças ao labor dos trabalhadores rurais e de outros bravos cultores essa tradição ainda resiste. Embora, pelo que se tem visto, a magna atração não são os bois, mas os bons cantores e maus também. Não vamos ater às qualidades artísticas, afinal algumas músicas contemporâneas contêm muitas coisas errôneas.



Vou ao parque para ver as exposições. Mas, ao contrário do que era vislumbrando há tempos, muitos stands, muito artesanato, muitos chapéus de couro, armamentos, maquetes, muita fauna e flora, as exposições estão, a cada ano, reduzindo bastante. E não é por falta de espaço para as mostras, já que a extensão do Parque é invejável. O parque de exposições está se tornando o parque de ex-posições.



Além das poucas atrações expositivas do parque, comparadas a anos anteriores, duas outras realidades merecem destaque. Houve um tempo em que a entrada matutina proporcionava aos pais de famílias levarem as crianças para visitar a exposição. Antes do meridiano, a entrada era grátis, ou como andam dizendo por aí, era 0800. Hoje, o senhor e sua senhora com seus cinco filhos terão que pagar ao parque R$14, isto é, R$ 2 por pessoa. Para os meninos brincarem no carrossel, lá vai mais não sei quanto.



Então, a cobrança da taxa simbólica simbolizou bolsos apertados. Agora, o mais curioso foi a ausência de uma personalidade ilustre no parquinho. Pela primeira vez, pois não me recordo se já tinha percebido isto antes, vi um parquinho sem roda-gigante. A emoção de se ver a cidade lá do alto foi minimizada com uma rápida subida na montanha-russa. Um parquinho sem roda-gigante é o mesmo que uma exposição agropecuária sem bois. Que os bois resistam a qualquer correnteza contrária!



Um senhor que andava comigo disse que a exposição é para jovens que aproveitam os shows para namorar. Realmente, a atração primordial desse evento agropecuário não é mais as exposições, mas os shows. Pessoas, principalmente jovens, disputando o melhor lugar no curral para ver o seu ídolo de perto. E às escondidas e às claras uma troca intensa de fluídos labiais (espero que só labiais).



É sempre bom presentear a população com artistas, os shows são válidos e, gosto musical a parte, contribuem para a cultura (ou para acabar com ela). No entanto, as exposições deveriam ser triunfantes, majestosas, monumentais, em número exagerado! Quanto mais exposições melhor. Não vamos deixar que o Parque de Exposições se torne, um dia, parque de eventos musicais, ou parque de ex-posições João Alencar Athayde.



* Professor de Literatura do projeto de Educação popular Funorte/Soebras

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