*Eduardo Costa
Que semana! Que maré! Que situação! Que estresse. Penso que a letra “i” deveria marcar os dias que estamos vivendo, especialmente em Belo Horizonte, onde o imobilismo político exigido pelas eleições de dois em dois anos nos deixa em ambiente de indiferença que, aliada à incompetência de órgãos e empresas, nos conduz à sensação de que tanta irresponsabilidade pode nos levar à insanidade. Afinal, a imobilidade deixou de ser problema dos horários de rush para se tornar rotina em nossas vidas e, engarrafados, assistimos a um festival de fatos e notícias impressionantes.
Ontem, às três da tarde, espremido na Praça Raul Soares, quase surdo de tanta buzina, nenhum fiscal de trânsito, pensei: “Tenho de escrever, de novo, sobre a insensatez que reina nesta cidade”. Mas ponderei: “Será que não estou exagerando, por ser o único que insiste em cobrar regras para as manifestações?”.
Liguei para um cidadão que respeito, Sávio Souza Cruz, e perguntei: “Deputado, é resquício da ditadura pedir o mínimo de ordem nas manifestações, de forma que elas não parem a cidade por inteiro, pondo em risco não os nossos compromissos, mas a nossa vida”? Ele respondeu que “bom senso deve sempre prevalecer”. Então, animei-me para dizer mais uma vez neste espaço que, apesar de respeitar a luta por melhores salários dos metalúrgicos, considerar as reivindicações dos sem-casa e não ignorar as queixas dos eletricitários, representantes desses três grupos não podem fechar o Barreiro no começo da manhã, a Afonso Pena no começo da tarde e todo o hipercentro ao entardecer. Não apenas eles, mas nenhuma categoria, nenhum time de futebol, ninguém pode parar a cidade assim. Eu só quero discussão, pois, se, depois do debate, me convencer de que é assim mesmo, então me calo, mudo meu pensar. Não sou poste, eu mudo, mas até quando vamos continuar assim, meia dúzia fecha aqui, mais 20 fecham ali e os poucos policiais ainda dispostos a trabalhar passam a cuidar desses e não do restante da população?
Mas, como tinha ligado para o Sávio, perguntei como estavam as coisas na Assembleia. Ele respondeu: “Tá o maior farinhaço lá fora; é pó prá tudo quanto é lado”. Lembrei-me então do que esse menino Perrela, o filho do Zezé, fez com Minas Gerais esta semana. Primeiro, a notícia da apreensão de uma aeronave dele, com meia tonelada de coca pura. Depois, na cara dura, reúne a imprensa e diz: “Não sabia sequer do voo”. No dia seguinte, contrata um dos advogados mais caros do país que diz: “O deputado Gustavo sabia do voo, mas não do que transportava”. E a gente descobre que o povo pagava o salário do piloto e a gasolina também. E tem o vereador fazendo sexo no nosso cartão de crédito, o Zé Dirceu querendo trabalhar no “lobby” de um hotel... E o trânsito parado... A letra “i” volta à minha cabeça: inacreditável, inaceitável, impagável, impossível, impuros, inimputáveis, indecentes...