Por Manoel Hygino
As televisões mostraram a reportagem. Quatro dos oito tanques de combate antiaéreo do tipo Gepard, a serem utilizados na segurança da Copa das Confederações, sendo transportados, na noite de 21 de maio, pela madrugada, desde o porto do Rio de Janeiro até o Parque Regional de Manutenção do Exército, em Deodoro. O comboio, formado por policiais do Exército em motos e carros, transportando dois tanques de cada vez em carretas pela Avenida Brasil, tornada uma das mais perigosas presentemente do país pelas bandidos que a frequentam ou atacam também com armas pesadas.
Os tanques são apenas parte do sistema de artilharia antiaérea alemã, composto por 34 carros de combate, adquiridos pelo Brasil por cerca de R$ 80 milhões. Os veículos são capazes de abater mísseis, aviões, helicópteros ou drones, os já famosos aviões não tripulados, a até 15 quilômetros de distância, com alcance de três km de altitude. Um jornal carioca deu detalhes: os blindados pesam 47,5 toneladas, têm 3,7 metros de altura, 3,4 de largura e até 7,7 metros de comprimento, sendo equipados com 2 canhões de 35mm, que operam em conjunto com um sistema de radares com campo de visão de até 15 km de raio.
Há de se compreender a iniciativa do poder público. O Brasil tem de tentar provar que é um país civilizado, ordeiro, progressista, como sugere a bandeira nacional. “Tentar provar”, sim, porque não escapam aos meios de comunicação no exterior a violência (que não é privilégio nosso) que se registra junto aos estádios, contra os coletivos que circulam com torcidas adversárias, no trucidamento absurdo de aficionados de clubes. De fato, as grandes partidas se vão transformando em guerra, palavra tão usada pela mídia nesses casos. As pessoas mais cuidadosas preferem trancafiar-se em casa para evitar a proximidade com a baderna.
Os tanques vieram para assegurar (?) tranquilidade à Copa das Confederações. E a do Mundo, como será? Temos também de tirar os pedidores de esmola das vias públicas e fazer de conta, não sei por quais maios, que não há cracolândia nas principais cidades, missão especialmente difícil. As casas de recuperação estão lotadas, como as próprias penitenciárias. E Francisco, o papa, também tem viagem programada. É preciso mais tanque.