Dirceu Cardoso Gonçalves
Dirigente da ASPOMIL
Os sem-terra assentados em diferentes áreas deverão investir, este ano, na eleição de representantes para as Assembléias Legislativas e a Câmara Federal. Se conseguirem, com certeza, passarão a ter mais força política mas, por outro lado, carregarão maior responsabilidade social. Nada mal para a sociedade. O movimento social ganhando representação oficial em igualdade de condições com outros setores, tende a deixar de fazer as besteiras (até crimes!) cometidos desde a sua eclosão, motivo principal da má imagem que hoje o identifica.
Ninguém, em sã consciência, pode ser contrário à reforma agrária. Nem deve criticar aqueles que pressionam os governos para executá-la com a maior brevidade. Mas todos os cidadãos decentes e ordeiros abominam o desrespeito à propriedade, a violência, a baderna e o ativismo irresponsável que se tem visto no seio dos movimentos que o deveriam reivindicar apenas a terra para aqueles que dela necessitam para trabalhar e viver.
No momento em que invadem propriedades produtivas, depredam instalações das próprias áreas ocupadas e públicas (como os pedágios, por exemplo), os ditos “sem-terra” perdem por completo a simpatia, o respeito e a possível parceria de setores importantes da sociedade. Só conseguem manter a complacência de políticos e autoridades que, antes do império da lei, pensam nos votos das próximas eleições. Entre elas, o próprio presidente da República.
Bom seria se todos pudéssemos recepcionar os sem-terra apenas como cidadãos em busca da sobrevivência e de mais justiça social. Mas, para que isso aconteça, será necessário que os movimentos jubilem, ou pelo menos controlem, os radicais que, mais do que terra, querem resultados políticos. Também há que se botar para fora aqueles que, sem nunca terem tido identidade com a terra e nem pretenderem adquiri-la, colocam-se debaixo da lona preta exclusivamente para promover agitação social e defender ideologias que nada têm em relação à produção rural, fixação do homem ao campo e coisas do gênero.
Os poderes constituídos não podem ser omissos, inocentes e nem coniventes com essa gente que se infiltra num legitimo movimento social e quer colher resultados diferentes dos que norteiam o próprio movimento. Esses não devem merecer o mínimo respeito nem contemplação, pois agem no rumo anti-social. Suas ações – principalmente aquelas capituladas no Código Penal – devem merecer a mais severa reprimenda para evitar que, com o seu radicalismo, prejudiquem os que, efetivamente, estão em busca do seu pedaço de chão e querem nele se fixar para trabalhar, produzir e sustentar sua família.
Ao autêntico sem-terra, todo o respeito, complacência e ajuda. Aos facínoras que entre eles se infiltram, o rigor da lei e a cadeia, sempre a lei assim o determinar...