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Quinta-Feira,26 de Junho

Os passageiros de uma agonia

Jornal O Norte
Publicado em 21/03/2009 às 11:26.Atualizado em 15/11/2021 às 06:54.

José Aparecido Terucha


Professor



Em 16 de janeiro de 2009, em torno de 15h, os três chegavam em sua propriedade rural: esposo, esposa e um dos filhos.Antes mesmo de se acomodarem e de recolherem seus pertences trazidos da residência urbana, de onde partiram com a intenção de rever e cuidar de seus bens adquiridos com muito suor e honestidade, ao longo de décadas, outro fato se contrapõe àquela expectativa.



Deu-se que, subitamente, bateu na porta e, para susto e surpresa dos três, quem seria o autor da chamada brusca e inesperada? Visitas da vizinhança? O caseiro chegando dos afazeres diários?



Nada do que se supôs. Ao abrir a porta, estava ali a triste revelação: um gatuno empunhando uma arma apontada para o atendente, sempre cortês, por princípios de sua formação. Em seguida, o anúncio:



- Isto é um assalto!



- Mas, moço, mas...



- Sem conversa! Não tente nenhum movimento de reação!



Ali aconteceu o esperado e o incordial convite:



- Entrem os três, sem demora, no banheiro!



Ali foram amarrados com as mãos para trás, usando tiras de uma camisa das próprias vítimas e novamente convidados a entregar dinheiro e objetos de valor.



O líder familiar que, por sua vez, era o mais visado pelos agentes, diante de todas essas ameaças, se prostrou e se mostrou passivo, permitindo a limpeza geral e levando aquilo que lhes interessava e pudessem levar no meio de transporte motociclístico.



A agonia durou em torno de 45 minutos. Período em que seus pertences foram revirados, tais como: malas, guarda-roupas, armários, bolsas etc.



Os referidos cidadãos viram desaparecer, pouco a pouco, os seus pertences, a dignidade, a proteção individual e coletiva garantida pela Carta Magna, em retribuição aos tributos quitados fielmente durante décadas. E, ainda mais, se sentiram humilhados, ameaçados, traumatizados e todos os ados possíveis.



Isso ocorreu a 60 Km de Montes Claros, a mesma cidade em que em tempos não muito remotos, a paz reinava. O pacato montesclarense, homens crianças e mulheres podiam transitar pelas ruas a qualquer hora, sem risco de submissão a atos de malfeitores.



Parece ser o momento de revisão de métodos preventivos e ativos contra a ascensão desses acontecimentos desagradáveis, por parte das autoridades competentes.



Fica, contudo, o sentimento trágico fixado na mente do cidadão de bem e comum, com as interrogações no ar: Por que acontecem fatos como este e outros? Onde tais entes encontram meios para planejar os seus atos contra seus semelhantes?



Em contrapartida, o desfecho se dá em favor dos agentes do mal e, quando são detidos, depara-se na contramão com frestas que permitem a reiteração dos atos aliados à destruição da paz.



É lamentável ver todos os esforços dos servidores bem intencionados, em prol da justiça, se irem para a inércia. Vê-se isso em suas intervenções, nos patrulhamentos distribuídos nos quatro cantos da cidade dia e noite.



Fica, creio eu, a torcida dessas vítimas e dos demais cidadãos por um sucesso na atuação dos servidores da segurança pública, no combate àqueles que insistem em perpetrar a contravenção. Visto que a sociedade civil também estará disposta a dar sua contribuição no cumprimento das leis e na permanência da paz em todos os lares.

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