Marijô Rodrigues
Da Academia feminina de letras
Teria sido um angustiado desencanto resultante da comparação das sociedades atuais com as de outrora: mais humanas, mais dignas, mais responsáveis, mais benevolentes? Ou, quem sabe, uma misteriosa ligação com o passado, liberando uma sede incessante de pesquisar os costumes e os povos? Talvez uma incontrolável centelha patriótica acendendo um desejo de buscar, sob sua Árvore Genealógica, a semente da qual germinaram seres ancestrais?
Ou ainda uma apaixonada admiração pela antiga gente da Vale das Carnaíbas, conferindo-lhe a incumbência de louvar os feitos dos colonizadores do Gentio? Em vez de tudo isso, teria sido apenas o talento especial de historiador induzindo-o a recompor os fatos que vêm delineando a saga de seus pares? Ou somente um secreto desejo de se dar prazer, ao mesmo tempo em que desafia sua inegável capacidade de isenção histórica?
Tanto pode ser um desses motivos apenas, como podem ser todos eles e mais alguns que não consegui captar. Mas que importa isso? O essencial é que Dário Teixeira Cotrim – o escriba do Gentio – impelido a narrar às memórias de seu povo, tomou para si o dever da fidelidade histórica, sem deixar de exercer sua paixão no tocante às particularidades da região onde viveram seus antepassados. Graças a ele, seus patrícios, contemporâneos e futuros, terão a oportunidade de conhecer fatos e detalhes históricos locais ainda inéditos e também outros tantos, de outras eras e regiões.
Assim, a obra da Dário Teixeira Cotrim vai constituindo-se de valiosas jóias que, frutos de um esforço contínuo e de laboriosa investigação, haverão de merecer a aclamação de seus amigos, parentes, conterrâneos, administradores e (o que é mais importante) do leitor desconhecido, imparcial conhecedor de tesouros literários e, de algum modo, interessado nas particularidades desse nosso país.