Os (de)feitos do alcoolismo

Jornal O Norte
Publicado em 27/09/2011 às 16:27.Atualizado em 15/11/2021 às 06:06.

Marçal Rogério Rizzo e Sirlei Tonello Tisott (*)



Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o álcool causa pouco mais de 4% das mortes no mundo; mais do que a Aids, a tuberculose e a violência. Em média 2,5 milhões de pessoas morrem anualmente por enfermidades relacionadas ao álcool.



Visivelmente, tais dados causam espanto. Primeiro, por sua extensão, já que os números são elevados. Segundo, porque as soluções usuais contra o alcoolismo não vêm obtendo sucesso.



Antes de continuar lendo este artigo sugerimos que reflita e responda aos seguintes questionamentos: Conhece alguma pessoa que tem sofrido sérias consequências pelo consumo demasiado de álcool? Sabe de alguma família que foi desestruturada em decorrência do alcoolismo? Certamente suas respostas foram sim!



Aventuramos em dizer que sim, não por ter tido alguma comunicação mediúnica ou algo do gênero, mas por compreender que está cada vez mais comum o consumo elevado de álcool nas famílias.



É admissível assegurar que por meio de valores incutidos pela família, pela escola e até pela religião este ou aquele jovem estará livre do alcoolismo. Há uma apologia ao consumo de bebidas. Todo momento a televisão exibe, em horário nobre, o consumo de bebidas alcoólicas. Novelas, filmes e reality show fazem a glamorização do uso do álcool. Até mesmo as músicas, em sua maioria sertaneja, fazem da bebedeira algo encantador e engraçado. Muitos adolescentes dão o primeiro gole dentro da própria casa. Como exigir que o filho não beba?



As pessoas se reúnem para tomar uma cerveja ou outra bebida alcoólica. Entretanto, não consomem apenas uma, e sim muitas e muitas garrafas. Consequentemente, as festas, para serem divertidas, devem ser regadas de bebidas alcoólicas. Como diria um amigo próximo e bem humorado: Acabou a cerveja acabou a amizade. Ou então: nós viemos aqui pra beber ou pra conversar.



Deixando as brincadeiras de lado. Ainda existe ingenuidade em acreditar que o álcool não traz problemas. Poucas pessoas sabem a hora certa de parar de beber.Isso tudo, aliado ao momento em que vivemos (alta ansiedade, ampla insegurança, agitação e insatisfação) produz uma mistura explosiva, em especial, para os jovens que afogam suas magoas na bebida.



Não obstante, o consumo exagerado de álcool tem sido sinônimo de ausência no trabalho, brigas, acidentes de trânsito, separação de casais, abandono de filhos, depressão, doenças graves e mortes. Com isso, é profundamente perturbador tratar esse tema como um grave problema social, justamente por ser uma “droga” socialmente aceita por todos.



A propaganda, um modo específico de apresentar uma informação, um produto ou marca, busca influenciar a atitude dos cidadãos, o que resulta na mudança de comportamento dos indivíduos em relação ao alcoolismo. Poderíamos dizer que o impulso publicitário funcionou e funciona, nesse âmbito, como um pré-requisito ou aspecto negativo para aqueles que têm problemas relacionados ao consumo excessivo de álcool, entendido, também, como o vício de ingestão descomedida e regular de bebidas alcoólicas.



Não precisa ser especialista para imaginar que não temos somente esses obstáculos a nossa frente. A aceitação do álcool como algo normal tem sido justificada pela arrecadação de impostos trazida para os cofres do governo. As empresas do ramo também geram milhares de empregos desde a produção A comercialização dos produtos.



Em rápidas pinceladas, é possível dizermos que o problema álcool é global. Antes imaginávamos que isso só ocorria em países desenvolvidos, mas agora já há informação da OMS que o aumento da renda tem provocado o consumo excessivo em países como África e Ásia, incluindo Índia, África do Sul, Cazaquistão, México, Rússia, Ucrânia e outras nações.



O problema está tão grave que em maio deste ano 193 ministros da Saúde, de países membros da OMS, concordaram em tentar conter o consumo excessivo de álcool por meio de altos impostos sobre bebidas alcoólicas e restrições mais rígidas de comercialização.



O fato é que ninguém tem condições de prever o tamanho da complicação que se prenuncia. Todavia, não há dúvida: se nada for feito contra o álcool, podemos dizimar o futuro de muitos de nossos filhos.



(*) Marçal Rogério Rizzo: Economista e professor da UFMS -  marcalprofessor@yahoo.com.br ; Sirlei Tonello Tisott: Contadora e professora da UFMS - sirlei.tonello@yahoo.com.br


 

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por