Os caminhos de Santiagos

Por Manoel Hygino

Jornal O Norte
Publicado em 07/03/2014 às 08:58.Atualizado em 15/11/2021 às 16:46.

* Manoel Hygino

Em cada lugar do mundo, todas as horas, sob qualquer tempo, à luz do dia ou da energia elétrica ou no escuro da noite, há um homem vigilante. Ele a tudo acompanha, registra e transmite, pois esse é o seu ofício.

Nem sempre é visto com bons olhos e bem recebido, porque dissemina mundo afora a imagem da sociedade e das pessoas em determinado momento e circunstâncias. Em guerra e na paz, está presente e em ação, consignando – mesmo que só na memória – o que testemunha.

Assim agindo, nas 24 horas de todos os dias, no círculo polar ou nos trópicos, nos lugarejos mais recônditos do planeta ou nas megalópoles, no silêncio dos templos ou no burburinho das manifestações, nas áreas de conflito, no valhacouto dos criminosos ou nos refúgios subumanos dos famintos e moradores de rua, favelas, ele está atento e documentando.

O jornalista é amado ou odiado, porque vê o que os demais não veem ou não querem ver, informa o que não agrada a alguns, ou a grupos políticos, ideológicos, econômicos, religiosos ou marginais. Mas o seu ofício é esse, ele não se omite nos objetivos. Esse profissional tem os olhos dos que não enxergam, dos que insistem, por múltiplas e inconfessáveis razões, em manter-se distantes dos fatos.

Rivadávia de Souza, jornalista de Uruguaiana (RS), na fronteira com Argentina, que acompanhou Vargas em extenso período no Catete, fez uma definição excelente desse programa. Para o velho Riva, “o repórter é um ser à parte dentro do jornal. A ele cabe a tarefa substancial de cobrir a quase totalidade de colunas de uma folha diária. Não aparece. Sua função consiste em preparar o palco onde se exibirão os grandes atores: os articulistas, os colunistas, os comentaristas, os colaboradores, os cronistas, cujos nomes sempre brilham sobre a boca de cena. O repórter é o cenógrafo do grande espetáculo, o contrarregra, o incumbido da carpintaria cênica e, no entanto, sem ele o proscênio permaneceria vazio, desnudo, deserto, inerme no seu isolamento, sem luz, sem cores, sem móveis, em resumo: sem vida”. O presente comentário é minha homenagem ao cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade, morto em manifestação no Rio de Janeiro. Por extensão, também é o reconhecimento pelo trabalho exercido por numerosos outros profissionais com os quais, no exercício de seu papel, tenho convivido e convivo. 

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