Onde o Chávez se trata

Jornal O Norte
Publicado em 22/01/2013 às 19:43.Atualizado em 15/11/2021 às 16:56.

Antônio Rangel Bandeira, jovem revolucionário brasileiro dos anos 60, como o classificou o ex-presidente de Portugal Mário Soares, ao publicar seu “Sombras do Paraíso”, pela Record, já há anos inseriu, na página de abertura, duas opiniões preciosas, se se elevar em conta quem as emitiu.



A primeira, de Alina Fernandez, filha de Fidel, médica, autora de um livro também digno de leitura. Disse ela: “O grande problema deste país (Cuba) é que várias gerações embarcaram na conquista de um sonho, mas só alcançaram um pesadelo, e não querem reconhecê-lo.”



A segunda, do escritor Jorge Amado, cujo centenário de nascimento no ano passado se comemorou:



“Atrevo-me a dizer que as ditaduras de esquerda são piores, pois contra as da direita pode-se lutar de peito aberto; quem o fizer contra as de esquerda acaba patrulhado, acusado de reacionário, vendido, traidor”. O “jovem revolucionário brasileiro dos anos 60”.



O autor baiano, que bem conhece o assunto, fala de cátedra, e isso é importante se saber, quando o capitalismo e o comunismo se frustraram, irreversivelmente, suponho. O “jovem revolucionário brasileiro dos anos 60” não teme escrever hoje o que viu em Cuba do comandante Fidel e de seu ministro Guevara, heróis e míticos personagens de um tempo que não se pode simplesmente jogar no depósito de lixo do passado. Não concorda com aqueles outros que “defendem de forma incondicional o regime cubano”, ignorando a tortura na ilha e “confiam cegamente na palavra de Fidel”, como acreditaram no “paizinho” Stalin.



Agora que para Havana se foi a tratar-se o “companheiro” Chávez, privilegiado paciente que financiou Cuba por tantos anos, já se deve e se pode falar do tema, que não faleceu como tantos cubanos condenados à morte e executados. Rangel Bandeira afirma peremptoriamente: “Em Cuba, embora inacessíveis, estão lá os locais onde se tortura, as prisões e campos de trabalho forçado onde apodrecem milhares de prisioneiros de consciência. Calcula-se em 196 o número de prisões, muitas delas servindo de cárcere para prisioneiros políticos. Relaciona alguns desses centros macabros.



Mas não omite que ainda há superlotadas prisões militares, normalmente esquecida, constituídas por três grandes complexos, um em cada região militar. “As prisões e os quartéis estão por toda parte, como monumentos de ódio. No futuro, o regime será lembrado principalmente por isso, da mesma forma que os gulags se incrustaram na imagem histórica de Stalin”.



Não parece muito inspirador o local escolhido por Chávez para tentar salvar a vida. Em todo caso, direta ou indiretamente, ele ajudou a construção desse estado de coisas na ilha bloqueada.



Manoel Hygino – escreve no jornal Hoje em Dia

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