Everaldo Ramos


Professor de História e Geopolítica e acadêmico de Direito da Funorte


 


Impossível não comentar. Nesta semana o mundo literalmente parou, para reverenciar o primeiro negro a assumir o cargo de maior relevância política do mundo. A presidência da Republica Federativa dos Estados Unidos da América. Em qualquer lugar do mundo, talvez isto teria significado comum, mas em se tratando dos Estados Unidos América a conquista de Barack Obama,tem sabor especial.

Historicamente reconhecido como um país onde o racismo impera, inclusive com amparo legal, na Louisiana a pouco tempo atraz negros não podiam contrair núpcias com brancos, ali a segregação sulista extrapolava os limites da racionalidade, a Ku Kus Klan agia animalescamente torturando e matando negros em nome de uma cultura arrogante e racista.

Nos Estados Unidos da América ainda é comum achincalhar e ridicularizar negros que vencem as barreiras do preconceito, se projetam na condição de ídolos. Jakson, M.Tyson talvez sejam exemplos de como uma sociedade norte americana, execra seus ídolos principalmente quando eles são negros.

É assim que é na América do Norte. Lá sempre foi costumeiro ignorarem o valor dos africanos que pra lá se dirigiram ainda nos idos coloniais ,construíram a economia sulista na base da força bruta, e ainda hoje sofrem o alijamento e o preconceito muito peculiares na cultura Anglo Saxônia. Quando um negro transpõem a barreira do preconceito e se projeta na condição de pioneiro a ocupar um cargo de tamanha importância política, isso não é um feito qualquer.

A vitória de Obama é na verdade, o ecoar dos gritos daqueles que morreram nas cruzes incendiadas da KKK,do sonho do pastor Marter Luter King que perdeu a vida lutando pelos direitos civis e de outros tantos negros anônimos que de Nova Orlean até a Nova York nunca perderam as esperanças.

Obama simboliza a esperança de uma América onde os negros possam ser reconhecidos não apenas pelo vigor dos nocautes e das enterradas no basquete, mas sim pela sua capacidade intelectual e de vencer desafios. Quando discursava nos idos dos anos secenta e dizia ter uma sonho, Luter King talvez não imaginava que tal sonho se tornaria a mais bela de todas as realidades.

A vitória do democrata Obama, pode parecer aos olhos dos republicanos uma ameaça aos seus interesse brancos reacionários, mas aos olhos do mundo a vitória de Obama é o alento por todos esperados. A esperança que a beligerância do EUA possa cessar, que a ira imperialista possa ser aplacada e que o embargo contra Cuba possa enfim ser suspenso. Não façamos de Barack Obama um Deus negro que redimirá os EUA, ele é sim um político com história de superação e com vigor capaz de reformatar a imagem norte americana no mundo tão arranha pela política beligerante de George W.Bush. Que Obama se inspire no exemplos de lideres como: Steve Biko ,Desmont Tutu e Nelson Mandela, heróis da resistência sul africana contra a política segregacionista do Apartheid.

Que Barack Obama busque em casa o grande exemplo que os sonhos são possíveis e que a luta incansável contra ao preconceito racial deve ser uma constante, que é possível conviver numa mesma terra brancos e negros sem distinção de cor e ou de raça, como preconizava Luter King É sabido que Obama enfrentará pela frente uma cenário desfavorável de crise financeira que se avizinha,mas o que é uma simples crise financeira diante da história de uma homem que ousou chegar aonde nenhum negros jamais havia chegado?

Quem superou um racismo historicamente impregnado no imaginário de milhões saberá ao certo procurar os atalhos e contornos para superar este momento difícil.Quiçá sejes Barack Obama, irmão de tantos afro descendentes espalhados pelo mundo,oxalá consigas como Rooevelt outora conseguira, vencer os obstáculos e redirecionar os destinos da maior economia mundial. Imaginei que nunca viveria pra testemunhar ocularmente este dia. Mas a história sempre nos reserva boas e agradáveis surpresas.E o dia 04 de novembro de 2008 com certeza entrou para a história, pois nesta data a terra parou para em uníssimo som gritar: Obama... Obama... Obama...