O trem transportando - por Ajax Tolentino

Jornal O Norte
11/01/2008 às 16:23.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:22

Ajax Tolentino *

No transporte ferroviário o trem, no Brasil, consiste em um ou vários veículos, geralmente vagões ligados entre si, que se movimentam sobre trilhos. Transportam pessoas ou carga, por uma rota previamente traçada. Assim, o comboio pode transportar pessoas, carga  ou pode ser misto. Este  trem, antes puxado por máquina a vapor e mais tarde a diesel,  teve uma importância fundamental nos últimos dois  séculos da história da humanidade. Ele foi, sem dúvida, o elemento mais importante da Revolução Industrial, permitindo  o  transporte de mercadorias já fabricadas ou de matéria prima para a fabricação..Foi importante na segunda guerra mundial, levando de uma só vez grande quantidade de homens e armas. Nestes comboios, apelidados pelos índios de Cavalo de Ferro, os Ingleses  conseguiram  desbravar o oeste  Norte Americano  para construir uma grande Potência.

Hoje, com a evolução tecnológica, alguns países estão usando os poderosos eletroímãs para, com a levitação magnética, os trens flutuarem sobre um trilho, usando os princípios básicos dos ímãs para substituir as antigas rodas de aço. Nos ímãs, os pólos opostos se atraem e os iguais se repelem. Assim, com este princípio básico de eletroímãs, que formam um campo magnético, foram feitos motores mais leves. Há grande diferença entre um trem à base de eletroímãs e o trem normal, porque os trens de eletroímãs não têm um motor convencional, tipo usado para puxar os vagões de trem típico de trilhos de aço. O motor para os trens magnéticos é muito diferente. E não usa combustível fóssil, mas, sim, campo magnético criado pela bobina eletrificada nas paredes do trilho guia e que faz os outros trilhos se juntarem para impulsionar o trem.

O mundo atual usa muito o ônibus, embora vários países europeus ainda usem o trem com mais freqüência. Mas, trens modernos, trens bala de altas velocidades. No Norte de Minas, tempos atrás, era o trem o transporte daqui para Belo Horizonte ou, para o Rio, via Belo Horizonte. Principalmente em fins ou início de férias, quando havia fila para comprar passagem. Havia o trem leito, com cabine para quatro pessoas, este muito disputado. Saía de Montes claros à noitinha e, lá pelas onze horas do dia estava em Belo Horizonte, que era o destino de quase todos os jovens, pois aqui não havia ainda faculdades como hoje. Mas, quem queria ir um pouco mais adiante, para umas férias na praia, por exemplo, tinha que pegar o trem noturno para o Rio, que oferecia também leito, com mais conforto. Naquele tempo, as praias do mineiro eram Copacabana e outras do Rio, pois ainda não havia a violência de hoje. Ir de Montes Claros para Belo horizonte, de ônibus ou carro, passava em grande trecho de terra. Deste modo, confortável era ir de trem, embora em máquinas antigas, por isto demorando um pouco, mas com conforto. Além do leito, no trem havia restaurante, podia-se trancar a bagagem no vagão, tendo até vigia, ali. Deste modo podia-se ir tranqüilo para o restaurante conversar, comer alguma coisa ou bebericar uma cerveja batendo um bom papo, como num bar convencional de cidade.    

Mas estes trens se foram e são estes outros, aqui citados, que seguem pelo mundo afora, em suas várias trajetórias e com modelos diferentes. Por todas as partes seguem exercendo o seu papel de transportar, principalmente pessoas, levadas de um lado para outro, parando em todas as estações, para descerem uns e subirem outros. Sempre no seu compromisso de transportar, conduzir e parando, para alguém subir ou descer. Além dos trens já citados, há um outro trem, o especial, que não se sabe de ninguém que nunca o tenha usado, no sentido figurado. Ninguém escapa de usar este trem, pois ao nascer embarcamos nele, passando pelas estações do aprendizado nas escolas, nas faculdades e na vida. Em outro momento descemos na estação do acasalamento, onde uns casam. Para em seguida embarcamos novamente, com um ou mais passageiros, os nossos filhos, que farão as mesmas viagens e passarão pelas mesmas estações para um dia todos, um por um, à sua vez, pararmos em definitivo em uma estação. Para não mais voltar. Quando for este momento, será o fim das viagens neste trem, que ninguém escapa de pegar:

É o trem da vida!

* Advogado e escritor

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