Adilson Cardoso *
Ao buscar o conceito de Razão temos algumas respostas que, ao aplicá-las em determinados temas como o que se propõe, se perde no universo interior das ações. Chama-me atenção quando diz:
- A Razão distingue o homem dos irracionais.
É de todos a ciência de que o homem, desde os primórdios, busca se firmar no seu espaço com o poder e as artimanhas que lhe tiverem ao alcance. A religião e a guerra são dois exemplos muito praticados por esse ser ainda em formação intelectual. Porém, não apenas os atos sujos dessas duas armas de dominação da humanidade, como aqueles literalmente sujos. Mas o ato de sujar as cidades, depredar a natureza, o patrimônio público e outras em série, passa primeiro pela busca de outro mecanismo de auto-afirmação. Porém, ao se desiludir diante da sua total incapacidade de produção, inclusive na sagrada prática sexual, esse ser se transtorna.
Agora de posse de um spray de qualquer cor, pois sua ausência de raciocínio o impede de entender no mínimo as cores primárias, sai pichando paredes com seu nome em forma de símbolos ou codinomes, para assim se sentir realizado. O orgasmo psicótico, nesse momento, é o delírio de ver a sujeira infestada na parede. Munido de coragem e ousadia, ele ainda escala edifícios, sobe em pontes, viadutos, se dependura com a ajuda de algum anincéfalo e conclui o ato.
Essa prática também é encontrada em paredes de cavernas, onde o místico caçador desenhava o animal com intenção de capturá-lo, nos dando grande contribuição para entender os primeiros passos do traço para o desenho na história da arte. Quando chega, por algum motivo esdrúxulo, à visitação histórica nesses locais, esse predador, com seu spray, apaga centenas de anos de luta pelo entendimento do passado, para escrever as alienações aprisionadas na massa derretida que se alcunha cérebro.
Em muitas árvores, principalmente dos parques e zoológicos, também encontramos marcas, desta vez de posse de instrumentos pérfuro-cortantes, e os insensíveis rasgam as árvores da mesma maneira dispensada às vossas razões. Os banheiros públicos são também lazeres dessa mazela. Escudados pela lei da privacidade, eles escrevem à caneta, a lápis, riscam com chaves até batom se pode achar nessas condições. Lembrando que essa prerrogativa não é apenas masculina, o sexo oposto também picha, borra e escreve os palavrões na mesma intenção da satisfação pessoal.
Não esqueçamos os orelhões tratados com a mesma estupidez, que não obstante as escritas, arrancam os telefones e quebram as coberturas. Os bancos das praças, as gramas e até o coreto da Matriz que hoje é moradia, sala, cozinha, quarto e banheiro.
Existem aqueles que não estão em disputa para fixação machista, senhores e senhoras já no auge da idade reflexiva, também contribuem para o aumento das ações vandalistas, nas suas simplórias ações de jogar o papel pela janela do ônibus. Receber o panfleto do banco fulano e jogar nas ruas. Como disse Kant no seu livro Crítica da razão prática. Deve considerar-se a Razão um fato real que leva o ser a raciocinar sobre seus elementos fundamentais de seu princípio e de seu fim em sua existência.
E onde anda essa Razão, meu caro Immanuel?
* Aprendiz de escritor