Ramon Alves de Oliveira (*)
Algumas questões fundamentais se colocam ao leigo em Economia quando se depara com conceitos e análise desta ciência e, boa parte delas, são provenientes de uma característica pessoal de todo o cidadão brasileiro que tem um pouco de técnico de futebol e economista.
As dúvidas e questionamentos frente à Economia têm como origem os próprios economistas a partir de sua forma de atuar. Tenho, particularmente, procurado uma resposta para as confusões causadas pela minha classe e estou quase convencido que nosso problema é meramente de comunicação e, por incrível que pareça, por não usarmos adequadamente os conceitos fundamentais que aprendemos. Exemplo: na maioria das vezes em que um economista faz uma previsão, ele não esclarece que estas estão baseadas em uma situação atual ou prevista que envolve uma série de condições. A economia vai crescer 5% no próximo ano. A presente assertiva está baseada na atuação das variáveis que compõem a Economia, como a taxa de juros, o nível de consumo e poupança, a taxa de câmbio, a política econômica do governo, só para citar as principais. Estas variáveis estão relacionadas entre si e a ocorrência de alterações em qualquer uma delas provocará deslocamentos nas outras.
Portanto, ao prenunciar a previsão, deveria o economista lembrar-se da 1ª lição de qualquer curso de economia: aumentando o preço, diminuirá a demanda, “ceteris-paribus”. A expressão latina que encerra a afirmação esclarece que a lei enunciada se concretizará pressupondo que todas as outras variáveis que poderiam influenciar na demanda, como o gosto ou preferência, o preço de produtos substitutos ou alternativos, ou a renda do consumidor, entre outros, não se alterassem isolada ou conjuntamente.
Feita a “mea-culpa” e a “limpada de barra” da classe, vamos analisar as principais confusões que são comumente procedidas pelas pessoas em geral quanto à Economia.
Quando utilizamos a palavra economia, a maioria das pessoas pensa imediatamente em duas posições distintas: não gastar, relacionando a economizar, e ganhar dinheiro. Vejam que economizar não significa, necessariamente, não gastar, mas não gastar pode ser um dos componentes necessários no ato de economizar. Por outro lado, ganhar dinheiro é efeito e não causa. Você ganha dinheiro porque aplicou algum recurso como a sua mão-de-obra, ou seus recursos financeiros, de forma adequada. Logo, na próxima vez que você disser a si mesmo ou a sua família “vamos economizar” esclareça que isto, necessariamente, não significa somente não gastar, mas gastar bem ou adequadamente. Esta é a base do conceito de economia e, como veremos a seguir, tem uma relação direta com a eficiência na aplicação dos seus recursos.
Definindo, Economia é uma ciência social que estuda a administração dos recursos escassos, que possuem usos alternativos, diante das necessidades humanas que são ilimitadas.
Resumindo ao nível máximo este conceito, ele significa que a Economia é mutante e que seu principal problema é conjugar a dicotomia entre recursos escassos e necessidades humanas ilimitadas com o agravante de que os recursos podem ter usos diversos.
(*) Bacharel em Ciências Econômicas pelo Centro Universitário - UNA/BH, Pós-graduado em Administração Estratégica pela mesma Instituição e Pós-graduado em Planejamento e Educação Ambiental pela Universidade do Estado de Minas Gerais/Faculdade de Educação - UEMG/FAE; Mestrando em Turismo e Meio Ambiente pelo Centro Universitário - UNA/BH. Professor FIP-MOC e Senac