O petróleo para os brasileiros

Jornal O Norte
Publicado em 16/09/2009 às 10:24.Atualizado em 15/11/2021 às 07:10.

Dirceu Cardoso Gonçalves



O governo brasileiro estuda a possibilidade de permitir a queima de óleo diesel nos automóveis, a exemplo do que sempre ocorreu na Europa. Essa possibilidade “enche os olhos” do motorista acostumado ao combustível subsidiado hoje utilizado no transporte coletivo e de mercadorias. Mas, se for autorizado para o transporte individual, o óleo certamente terá seu preço elevado e não ser mais tão vantajoso quanto parece atualmente.



O que o governo precisa, urgentemente fazer, é mudar a matriz de preços de todos os combustíveis para evitar fraudes, desequilíbrios de consumo e, principalmente, a geração de excedentes que acabam vendidos ao mercado internacional a preços tão inferiores, que escandalizam o consumidor local.



Tradicionalmente, a gasolina brasileira é uma das mais caras do mundo. Por isso, quem vai aos Estados Unidos, por exemplo, assusta ao ver aqueles grandes caminhões movidos a gasolina quando, aqui no Brasil, só poderiam rodar com o subsidiado diesel ou, até, com o recém-inventado biodiesel.



É certo que o Brasil,  conseguiu, com eficiência, se impor como prospectador de petróleo e produtor de combustíveis renováveis (o álcool e o biodiesel). Ninguém pode negar a competência técnica da Petrobras e os resultados obtidos pela estrutura governamental de controle do setor. Esse conjunto levou-nos da incerteza de abastecimento conhecida na primeira crise do petróleo, em 1973, à privilegiada situação de hoje, quando somos vistos como uma importante alternativa para o abastecimento mundial.



A grande questão, no entanto, reside no benefício social desse grande empreendimento, construído com o dinheiro público. Até onde, nosso país, competentíssimo na produção de combustíveis, está dividindo com o povo e as classes produtoras, a conquista dessa boa posição? Em pouco ou em nada. Essa a grande verdade.



Temos uma grande empresa petrolífera, estatal, que judia tanto da nossa população quanto as empresas internacionais do ramo. Pratica preços escorchantes que servem apenas para o seu próprio crescimento e, ao mesmo tempo, o povo, obrigado a consumir seus produtos, passa fome, não tem saúde, ensino e outros insumos básicos.



Se realmente está interessado em resolver o problema do povo, o governo tem de mudar a matriz de preço e distribuição dos combustíveis. Não deve continuar nos impondo o mesmo chicote econômico com que as petrolíferas internacionais – dedicadas exclusivamente ao lucro – batem no consumidor de todos os países onde atuam, inclusive no Brasil.



Para podermos acreditar que – como diz a frase institucional – “o petróleo é nosso”, temos de passar a desfrutar de uma política energética onde o lucro da grande estatal seja investido em favor do povo, oferecendo-lhe combustíveis a preços mais compatíveis, que possam baratear o transporte de uma forma geral e façam as mercadorias chegarem ao consumidor a preços menores. A adoção destas medidas seria um grande salto para toda a economia nacional, pois, a preços menores, os produtos teriam maior consumo local e mais competitividade internacional.



Lula tem de fazer sua opção. Pelo povo ou pelos “marajás” do petróleo nacional. Fiquem de olho nisso!!!

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