Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves *
O Brasil foi manchete mundial ao anunciar o descobrimento do megacampo petrolífero “Tupi”, na Bacia de Santos, que elevará em 50% as reservas naconais do precioso óleo. Voltam-se para cá os olhos de rapina daqueles que, mercê de suas condições financeiras, queimam o óleo alheio e guardam o próprio a sete chaves. O presidente Lula chegou a ser classificado, no Chile, como “magnata do petróleo”, pelo seu dileto ‘muy amigo’ Hugo Chávez, que fez a proposta (indecente) de criar uma estatal petrolífera venezuelano-brasileira para fornecer combustível a preços módicos às nações pobres. É o caso de perguntar por que, até agora, como maior produtor sul-americano de petróleo, o próprio aprendiz de caudilho, não fez essa caridade...
Quando vê – se é que de lá consegue ver – o rumo que tomou a política petrolífera brasileira, Monteiro Lobato, que nos anos 40 esteve até na cadeia por dizer que o Brasil possui imensas reservas, deve virar-se no túmulo. Aquilo que pregava como redenção dos brasileiros, acabou se tornando instrumento de opressão econômica ao povo.
Durante muito tempo, o Brasil perseguiu a auto-suficiência de petróleo. Passava à população a idéia de que, quando conseguisse extrair tudo o que a frota nacional consome, deixaria de gastar os sacrificados milhões de dólares com a importação, e o povo se beneficiaria. No dia 21 de abril do ano passado, o presidente Lula anunciou, em meio a uma festa, que, a partir de então, o Brasil não dependia mais do petróleo importado. Só que, infelizmente, mais uma vez, nada aconteceu: continuamos pagando uma das gasolinas mais caras do planeta, mesmo sendo álcool um quarto do seu volume, e temos o diesel de má qualidade, com alto grau de enxofre, também vendido a preço elevado.
A nacionalista frase “O Petróleo é nosso”, batida intensamente como um hino de esperança, no começo dos anos 50, quando o presidente Getúlio Vargas criou a Petrobrás, não passa hoje de mais uma mentira aplicada ao povo. O “nosso”, na verdade, refere-se à propriedade da Petrobrás, uma estatal draconiana, que tira o dinheiro do povo, engorda as mordomias de seus altos funcionários e ainda se dá ao luxo de aplicar seu patrimônio – constituído às custas do suor e do sangue dos brasileiros – em aventuras internacionais que nada rendem ao Brasil, muito menos à população.
Depois de tudo o que o “compañero” Evo Morales fez contra o Brasil, desrespeitando contratos e esbulhando a propriedade da mesma Petrobrás, o governo brasileiro anuncia novos investimentos da estatal na Bolívia. E pasmem... não é para melhorar o fornecimento do gás boliviano ao Brasil, mas para os bolivianos poderem honrar seus compromissos de fornecimento à Argentina. Por que, então, não vão buscar os investimentos em Buenos Aires? Salvo melhor juízo, isso é crime de lesa-pátria!
Sou um nacionalista convicto. Acredito no Brasil e na capacidade dos brasileiros. Mas fico decepcionado com o encaminhamento pessoal que se tem dado a certos setores. Concordo que não podemos “reinventar a roda” a ponto de tentar desenvolver aqui tecnologias já dominadas e popularizadas no exterior. Mas, também, não posso aceitar que o governo e os burocratas instalados em suas salas de ar-refrigerado ajam como se fossem donos das estatais e as explorem como empresas privadas e carentes de lucros exorbitantes.
A Petrobrás foi criada para cuidar do “nosso” petróleo. Quando ela age como uma das “sete irmãs” do ramo petrolífero, usando as vantagens de ser estatal e nos explorando todas as vezes que enchemos o tanque, deixa de cumprir sua finalidade. Se é para agir assim, melhor seria que o petróleo aqui consumido não fosse “nosso” e que continuássemos comprando gasolina, diesel, querosene e demais derivados diretamente dos “gringos”. Pelo menos pagaríamos menos e nossas reservas continuariam preservadas para, talvez, melhor aproveitamento, no futuro...
* Dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)
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