Por Jaeci Carvalho
Não foi do jeito que sonhei, 4 a 0, mas o Galo é o grande campeão da Libertadores. Foi sofrido, no sangue e no suor, como sempre acontece com o Atlético. Foram necessários 90 minutos para que o alvinegro fizesse dois gols, e mais 30 minutos de prorrogação, em que nada aconteceu. Aí o torcedor, que acreditou até o fim, sabia que havia um tal de “São Victor” no gol, e nas penalidades ele seria, mais uma vez, o grande nome. Foi dele a primeira defesa e coube a ele também olhar a bola explodir no travessão, na quinta cobrança do Olimpia, enquanto Jô, Alecsandro, Leonardo Silva e Guilherme não erraram. Galo 4 a 3, sem precisar de Ronaldinho Gaúcho, o grande maestro, cobrar o pênalti.
O que não é sofrido neste Galo? Disse que os jogadores tinham a obrigação de dar esse título ao presidente Alexandre Kalil, e, principalmente, ao fantástico e fanático torcedor. E eles cumpriram. Fizeram 2 a 0 no segundo tempo, e buscaram o terceiro gol o tempo todo. Jô, que não marcava havia tempo, fez o primeiro. Leonardo Silva, o gigante contratado por Eduardo Maluf quando ninguém mais acreditava nele, fez o segundo. Faltava mais um, porém, ele não veio nem mesmo na prorrogação.
Eh Galo! Como você faz sua gente sofrer. Mas ontem ela te perdoou. Afinal, você deu o título com o qual ela sonhou a vida toda. Aquele título, tirado do Atlético em 1981, naquele escândalo no Serra Dourada, demorou 32 anos, quase a idade de Cristo, mas você conseguiu. Fiquei feliz, Galo, mesmo não sendo seu torcedor. Mas ontem fui. Quero ver os times mineiros sempre no alto do pódio e torci como nunca. Como foi legal ver o capitão Réver, levantar aquela taça.
Você, Galo, que saiu das páginas policiais para as esportivas pelas mãos do ex-presidente Nélio Brant. Foi salvo da falência pelo também ex-presidente Ricardo Guimarães, um homem apaixonado por você. Chegou às mãos de Alexandre Kalil. E ele disse que, daquele momento em diante, você decidiria títulos. Você chegou pertinho no Brasileiro do ano passado. Mas logo neste primeiro semestre você premiou aqueles que lhe fizeram bem, dando o maior orgulho à sua gente.
Galo! Quantos amigos me ligaram chorando. Daqui e do exterior. O Gustavo Faleiro, o dr. Luiz Flávio, brilhante advogado, e o Brunão (Dog), lá de Miami. Viu, Galo, como você é querido mundo afora? BH não dormiu ontem e não vai dormir por vários dias. Você garantiu a passagem de uma legião de fanáticos para o Marrocos. Sim. Você acha que acabou? De jeito nenhum. Cuca, que como disse deu um chute na bunda do azar, quer o mundo. Kalil quer. A torcida quer. E, se eles querem, você vai dar. Que bom, Galo! Ver essa gente sofrida comemorando é muito legal. Você deixou milhões e milhões felizes.
É, Galo. Vou me despedindo por aqui. Como jornalista, radicado em Minas há quase 30 anos, fico feliz de ver colegas do Brasil e do exterior, estampando nos jornais, revistas, tevês, que você é o novo dono da América. Você honrou seu nome, sua história e tradição. Disse que Kalil dedicaria esse título ao ex-presidente Elias Kalil e para a Dona Leila, seus pais. E o Kalil confirmou isso na entrevista, logo depois da conquista. Tenha a certeza, Galo, esse título é de toda essa nação apaixonada, que acredita sempre e não desiste nunca. Parabéns, grande campeão! Você deixou para trás todos os favoritos e ressurgiu das cinzas, como a fênix, nos momentos mais difíceis. Por isso, você é o campeão de fato e de direito. Comemore, torcedor alvinegro. Hoje você é o dono da América. E o mundo espera você, em dezembro, no Marrocos. Até lá. A torcida acredita em você. Yes, you CAM, Clube Atlético Mineiro. Sim, você pode!