O mensageiro das estrelas

Jornal O Norte
Publicado em 02/09/2009 às 10:02.Atualizado em 15/11/2021 às 07:09.

Felippe Prates



Há 400 anos, Galileu apontou o seu telescópio para o céu e revolucionou a ciência. Uma pequena guinada para o homem, mas um grande salto para a humanidade.  Até então, 1609, esse instrumento era usado essencialmente para a navegação.  O astrônomo italiano e professor de matemática na Universidade de Pádua, Galileu Galilei (1564/1642), que viveu 78 anos, o que era raro, na época, iniciava uma série de observações que, entre outras coisas, comprovariam a tese de que a Terra gira em torno do Sol.  Com isso, ele não apenas mudaria a nossa concepção do Universo, entrando em perigosa rota de colisão com os dogmas da sempre vacilona Igreja Católica, como alteraria profundamente o pensamento humano.  No percurso, esse “mensageiro das estrelas”, nome do livro no qual mais tarde descreveria as suas descobertas, lançaria, também, as bases da astronomia moderna.  2009 é o Ano Internacional da Astronomia Galileu Galilei, uma justa homenagem ao grande sábio e ao seu método científico.



- Galileu representa um dos maiores impactos que o conhecimento humano já sofreu, afirma o astrônomo Victor D’Ávila, do Observatório Nacional.  Foi dele o passo decisivo para o surgimento da ciência moderna.  Ele simplesmente descobriu a chave de como raciocinar de forma científica e objetiva. Os gregos acreditavam que raciocinar era o suficiente, mas Galileu mostrou que era preciso observar, raciocinar, concluir e comprovar.  Ainda hoje essas são as bases do método científico.



Até a guinada do telescópio de Galileu, acreditava-se com o apoio e a pressão da Igreja, que o Sol, os planetas e as estrelas giravam em torno da Terra, que, imóvel, seria o centro do Universo.  O clérigo polonês Copérnico já havia contestado essa visão geocêntrica do Universo em 1534, mas não havia conseguido provar sua tese de um Universo heliocêntrico.  Pensava-se, também, como Aristóteles e seus seguidores, que a Lua era perfeita, completamente plana, bem como os demais corpos celestes.  Ao se apropriar de um instrumento construido na Holanda e modificá-lo, tornando o telescópio até 32 vezes mais potente, Galileu conseguiu dar bases científicas para a tese heliocêntrica de Copérnico. Mas, graças à intransigência da Igreja Católica que, segundo a História Universal, desde sua fundação até hoje sempre foi a pedra no sapato, o maior obstáculo para o progresso da ciência, se valendo, há séculos, da ignorância e da prepotência  para semeadouro de suas teses e dogmas, na sua maioria  ridicularizadas, desmoralizadas e ultrapassadas, Galileu foi condenado pela Inquisição por heresia em 1616 privadamente, e em 1633 num “julgamento” público.  Para salvar a própria pele, Galileu teve que se retratar.  Consta, que ao se afastar da mesa em que assinara a sua retratação, teria dito:



- Mas que ela gira, gira.



O que garante o sucesso do cientista é o fato de usar o melhor instrumento para obter os melhores dados, fundamentar teoricamente as suas observações e publicar seus resultados.  Aproveitando as comemorações pelos 400 anos das primeiras observações de Galileu, cogita-se em exumar o corpo do astrônomo, enterrado em Florença, Itália, para estudar o seu DNA.  Pretendem descobrir como Galileu conseguiu avançar em suas pesquisas convivendo com uma doença degenerativa que o deixou cego. Galileu não inventou o telescópio, mas foi o primeiro a observar o céu com constância e exatidão.   Para isso, ele fixava o telescópio em uma mesma posição durante longos períodos e mesmo sem nunca ter visto o telescópio de seu inventor, o holandês Hans Lippershey, ele fez o seu próprio aparelho.  Depois, construiu outro, mais potente.  Em 1610 publicou as suas descobertas num livro de nome “Siderius Nuncius”, cuja tradução literal é “O Mensageiro das Estrelas”.



Feitos de Galileu -  Apesar da visão deficiente e do telescópio rudimentar, Galileu fez, revelou e publicou observações fundamentais.  Quais sejam:  1. Lua – Em 1609 observou que após a Lua Nova, a linha entre a área clara e a escura apresentava irregularidades.  Na Lua em Quarto Crescente, viu sombras na área iluminada, que diminuíam à medida que os raios solares incidiam sobre a superfície.  Concluiu que o satélite tem relevo acidentado, fazendo cair o mito aristotélico de uma lua absolutamente plana. Ainda calculou com incrível precisão a altura dos montes. 2. Vênus – Em julho de 1610, Galileu verificou que Vênus apresenta fases como a Lua, tornando falso o sistema geocêntrico de Ptolomeu, e provando que Vênus orbita o Sol.  Concluiu, também, que os planetas não têm luminosidade própria, pois Vênus só brilhava quando iluminado pelo Sol.  Júpiter – Galileu descobriu os 4 principais satélites de Júpiter (Ganimede, Europa, Io e Calisto, conhecidos como luas galilenianas). A descoberta revelou que um corpo celeste poderia ser orbitado por outro, derrubando mais um conceito de Ptolomeu.  Também reforçou o heliocentrismo.  Via Láctea – Descobriu que era constituída por uma infinidade de estrelas.  Saturno – Galileu observou que o planeta tinha uma forma diferente, mas não conseguiu distinguir os anéis. Sol – Ele observou manchas na superfície do Sol.  Também fez estudos sobre a rotação solar.



Referência:  Observatório Nacional do Rio de Janeiro.



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