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Terça-Feira,8 de Julho

O Irã dos Aiatolás

Jornal O Norte
Publicado em 04/02/2011 às 09:39.Atualizado em 15/11/2021 às 17:21.

Petrônio Braz (*)



O Irã que se lê não é o País que se vê, como observa o escritor Ronaldo Cagiano, em artigo publicado no Jornal da ANE – Associação Nacional de Escritores.



A imprensa ocidental, em presença das ações militares dos americanos no Oriente Médio, tem nos levado a ver o Irã como um país politicamente instável, paralisado no tempo (apesar das experiências com energia atômica).



O escritor em referência participou, em companhia do também escritor Alaor Barbosa, do Congresso de Escritores Latino-americanos do Irã, organizado pelo Centro de Literatura do Irã, realizado em Teerã e Isfahan, esta última considerada a Meca cultural do País.



O Irã ou Pérsia, que até bem pouco tempo era a mais antiga monarquia do mundo, preserva em seus jardins e parques os monumentos dedicados aos seus reis, poetas e filósofos do passado, entre eles Hafez, Firdusi, Omar, Zoroastro, Ciro, Xerxes, Dario e Artaxerxes.



Informa Ronaldo Cagiano que o Irã, com seus 75 milhões de habitantes, tem 2 milhões de universitários, 1.500 bibliotecas, com 83% da população alfabetizada. O povo iraniano reverencia a sua história, as suas tradições e a sua cultura. Escreve, em seu artigo, que a grande maioria da população fala inglês, como ocorre em quase todos os países europeus.



Pelos princípios religiosos, reforçados pela revolução dos aiatolás, no Irã não se consome bebidas alcoólicas, mas a população usa as mesmas marcas de automóveis, refrigerantes, jeans, perfumes, cigarros, relógios, sapatos da Europa ou das Américas. São em quase tudo iguais a nós, exceto que a gasolina que produzem, como nós também produzimos, é vendida por um valor correspondente a R$ 0,17 (dezessete centavos).



Observou o escritor brasileiro que a mítica Pasárgada, imortalizada por Manuel Bandeira em seu poema, não é fruto da imaginação do poeta pernambucano. Pasárgada existe, em ruínas, no caminho de Persépolis, antiga capital do Império Persa.



Escreveu Manuel Bandeira: “Vou-me embora pra Pasárgada / Lá sou amigo do rei / Lá tenho a mulher que eu quero / Na cama que escolherei”.



Nas ruas de Teerã, uma cidade igual às grandes metrópoles do mundo, com uma população igual à de São Paulo, não se vê miséria, nem mendicância. As ruas são limpas e o burburinho nelas existente lembra São Paulo e Rio de Janeiro, informa o escritor. Em razão do excesso de automóveis, a poluição está presente.



Relata Ronaldo Cagiano que “nesta primeira visita ao Irã foi possível, com outra lente, apreender um país desconhecido e ter uma visão nada parecida com as descrições costumeiras. Por exemplo, ficamos sabendo que não há hostilidades contra americanos que visitam o país, nem contra judeus que vivem lá em suas colônias. Se os povos se entendem, os governos não”.



Embora a literatura de ficção, no Irã, seja conhecida há pouco mais de sete décadas, há interesse pela literatura latino-americana, tendo os dois escritores brasileiros levado aos persas uma visão da pluralidade, da versatilidade e da vitalidade da produção literária brasileira.



Não se descarta, a toda evidência, a presença dos terroristas islâmicos, à vista em todo o Oriente Médio, desprovidos de razão. Eles, todavia, são minorias. O escritor Ali Kamel, em livro sobre o Islã, observa que o terrorismo islâmico tem origem no movimento “wahhabismo”, surgido no Século XVIII, que propunha uma volta radical às origens do Islã, do qual nasceu a Irmandade Muçulmana, criada em 1928 com o slogan “Nós somos amantes da morte”.






 (*) Escritor e Advogado

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