O frustrado plano de 1961

Jornal O Norte
Publicado em 31/01/2013 às 17:54.Atualizado em 15/11/2021 às 16:57.

Em “Diário da Tarde”, que o denodado advogado de Contagem Mauro Pereira Cândido me envia, colho informações sobre dados que, à época, 1961, não pude conhecer por qualquer motivo. Nesse livro, Josué Montello nos leva de volta a um dos períodos mais significativos da história brasileira. E 1961 foi o ano da nunca suficientemente esclarecida renúncia de Jânio Quadros.



No dia 23 de agosto, dois dias após o ato injustificável, Carlos Lacerda, com sua veemência típica e domínio da palavra, denunciava o propósito do presidente da República de fechar o Congresso Nacional e implantar aqui um regime político à Fidel Castro. O namoro com o governo de Havana era sabido, e a condenação atribuída à Che tinha razões.



Antes de sua atitude desastrosa, Jânio consultou tanto Lacerda, que fora um dos baluartes de sua campanha ao Planalto, mas também o seu ministro da Justiça, Pedrosa Horta. O ex-governador da Guanabara contou sobre o golpe pretendido.



“Quando perguntei ao presidente o que pensaria o povo brasileiro de tudo isso (de seu plano), ele me disse que faria um referendum popular pedindo apoio para uma reforma institucional básica do Brasil, que era uma necessidade.”



Lacerda observou que a sua disposição significava pedir ao povo um cheque em branco, “dando plenos poderes ao presidente da República para fazer o que bem entendesse em reforma institucional, principalmente agora em que o chefe da nação acena para os lados da Rússia. Como dar plenos poderes a um presidente que pretende levar o Brasil para os caminhos que ele não quer trilhar?”



O presidente não se sentiu vencido em sua argumentação. “Foi então que me foi posta esta alternativa – acrescentou Lacerda; ou as frentes democráticas do país aprovam a reforma das instituições ou as correntes de esquerda apoiariam a reforma básica. Perguntei o que as Forças Armadas pensavam disso, e ouvi a resposta de que o poder armado não poderia opor-se ao movimento.”



Vivia-se um período único na história do país. Quem passou por ele pode admitir ou imaginar se o projeto de Jânio fosse aceito. Josué Montello, comentando os fatos, observou que Jânio, em vez de governar realmente o país, sentirá a sua inapetência para dirigi-lo, no equilíbrio de forças do regime democrático. Em vez de apresentar grandes projetos de interesse nacional, preocupou-se nos sete meses no Planalto com o biquini de candidatas a concursos de beleza, com rinhas de galo nas cidades interioranas, abrindo inquéritos administrativos contra o governo de Juscelino. Deu no que deu.



Manoel Hygino - escreve no jornal Hoje em Dia

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por