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Quarta-Feira,15 de Janeiro

O direito de sonhar... e ser feliz

Jornal O Norte
Publicado em 01/01/2010 às 19:18.Atualizado em 15/11/2021 às 06:15.

Dirceu Cardoso Gonçalves


Dirigente da Aspomil


aspomilpm@terra.com.br    


 


Um antigo sonho voltou a povoar a mente do brasileiro nos últimos dias de 2009: ganhar na loteria e ficar rico. A Caixa Econômica Federal, numa bem montada estratégia de marketing promove a Mega Sena da Virada que vai garantir, pelo menos R$ 120 milhões, ao feliz ganhador. O prêmio polpudo faz brilhar os olhos de muita gente, que o traduz em número de casas ou automóveis que seu valor pode adquirir. É muito bom sonhar e não se paga nada para isso. No caso da loteria, paga-se apenas alguns reais, para se candidatar à bolada.



Mas, além da bem sucedida empreitada da Caixa, que poderá ser repetida em outras datas especiais, o governo deveria cumprir melhor o seu dever e buscar esquemas que pudessem fazer o brasileiro sonhar e, de quebra, ver concretizados seus sonhos, principalmente os de pequeno porte. Poderia, por exemplo, desenvolver uma política para que o salário mínimo voltasse a ter o peso que desfrutava quando de sua criação pelo presidente Getúlio Vargas, nos anos 40. Fosse um valor capaz de sustentar modestamente (com moradia alimentação e vestuário) uma família de quatro pessoas; pai, mãe e dois filhos.



Se comparar as condições financeiras do Brasil da década de 40 com as de hoje, quando somos a oitava economia do mundo, chega-se à real conclusão de que atualmente tudo seria mais fácil, pois temos um país desenvolvido e produtivo. Precisamos apenas estabelecer um novo pacto para a distribuição das riquezas entre os nacionais. Inclusive para a partilha da imensa gama de impostos que se recolhe aos cofres públicos. Os anos de desenvolvimento deram ao país uma cara de selvagem e tiraram o sonho de muita gente.



É inegável que as políticas sociais ultimamente desenvolvidas têm retirado muita gente da miséria total. Mas ainda é pouco diante da necessidade e das possibilidades. Além de socorrer há que se educar e encaminhar o assistido para a auto-suficiência. Sem a quebra do elo de dependência não há evolução!



Há que se encontrar o verdadeiro equilíbrio. Hoje o empresário, que produz, reclama de elevada carga de tributos, o usuário de serviços públicos critica sua ineficiência e a impressão que se tem é de que vivemos a ambigüidade da riqueza e da miséria incrustadas num só espaço. Isso gera insatisfações, provoca a violência e a degradação do tecido social. E o povo fica privado, até, do seu direito de sonhar.



As reconhecidas inteligências hoje empenhadas na gestão de órgãos governamentais, nas universidades, entidades da sociedade e em toda a estrutura que de alguma forma interferem no poder, têm uma grande dívida para com o sofrido cidadão brasileiro. Criar condições para que ele seja capaz de viver com dignidade (mesmo que de forma básica e humilde) e tenha acesso às oportunidades de educação, trabalho e saúde e possa vislumbrar um jeito de traduzir o seu esforço pessoal e intelectual em melhora das próprias condições de vida. No dia em que conseguirmos devolver o “direito de sonhar” a todo cidadão, teremos resolvido muito daquilo que hoje pode ser catalogado como crise nacional. E aí, o brasileiro nem precisará ganhar na loteria para ser feliz...

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