Paulo César Gonçalves de Almeida
Reitor
Denis Diderot, escritor e um dos mestres do iluminismo francês, escreveu uma “Carta Sobre os Cegos”, mas que era endereçada àqueles que enxergam, e outra “Carta Sobre os Surdos e Mudos”, endereçada àqueles que ouvem e falam. Nos dois textos, o escritor enaltece dons nas pessoas sensíveis e alerta para aqueles que estão em perfeito estado, mas que não conseguem enxergar acima do próprio nariz ou verbalizar seus conceitos.
No caso do cego, que deseja enxergar através da sua consciência, o “belo é idealizado, mas com melhor nitidez que os filósofos clarividentes que trataram dele longamente”, mas para isto tem que desejar visualizar consciente.
Assim, devemos sair da esfera periférica e olhar os resultados do Enade/2006, avaliação patrocinada pelo Ministério da Educação, que colocaram a Universidade Estadual de Montes Claros em destaque em nível nacional, com a certeza de que o sonho de ter ensino superior de qualidade no interior mineiro, no semi-árido, é tangível, não é um simulacro educacional.
Os números são incontestáveis, reforçados pelo ranking elaborado pelo jornal ‘O Globo’, com base nas três últimas edições do Enade, através do qual a Unimontes foi apontada como a segunda melhor avaliada do País, entre 82 instituições públicas e privadas. Aliás, desde o extinto ‘Provão’, as instituições mineiras de ensino superior, entre elas a nossa Universidade, vêm conquistando destaque positivo.
Os resultados do Enade e o ranking divulgado não podem ser desqualificados, como se nada representassem. São indicadores, se discutíveis é outra história, mas não podem ser simplesmente desprezados ou ignorados.
Claro, há os céticos, aqueles que adoram as heras ofuscando a beleza do prédio, tornando o ambiente lúgubre, e crendo apenas que há problemas e nada mais. Em razão disso, não é difícil imaginar qual teria sido a reação se a Unimontes tivesse sido apontada entre as piores. As pedras rolariam soltas, sem dó nem piedade, sobrando culpados disso e daquilo.
A vitória proporcionada pelos números do Enade não justifica dizer que tudo está acabado e pronto. Não. É trabalho contínuo. Já avançamos muito, com novos laboratórios, cursos de pós-graduação ‘Stricto sensu’, incremento da investigação científica, ampliação da prestação de serviços, ações extensionistas comprometidas com a cidadania, além de investimentos no campus-sede e nos demais campi.
Mas, é evidente, há muito ainda a ser feito. E haverá de ser feito, podem acreditar! Porque não faltará a garra, a competência e o trabalho coletivo e solidário dos professores, alunos e servidores técnico-administrativos; a efetiva participação das lideranças e sociedade regionais, da imprensa e da classe política, e o valioso e indispensável apoio do Governo de Minas.
O tijolo colocado anteriormente nesta grande construção é o sustento para o próximo tijolo, o que exige de todos nós, sem distinção, trabalho e dedicação, amor à causa acadêmica e ao desenvolvimento socioeconômico, cultural e afetivo de todo um povo que valoriza a Universidade como casa do saber para a proficiência e para gerar melhor nível de vida de toda uma vasta área geográfica deste Estado.
No Brasil a Universidade não tem ainda cem anos. A Unimontes - sucessora da Fundação Norte-Mineira de Ensino Superior (FUNM), criada na década de 60, por iniciativa do então deputado Cícero Dumont – ostenta, na verdade, há apenas 13 anos o status legal de universidade reconhecida.
Esta instituição fincada no sertão dos Gerais continuará brilhando e comemorando novas conquistas e avanços.