Raphael Reys
Shidharta Gautama, o Buda, em sua doutrina de iniciação, tratava o corpo de a cidade de nove portas, e instruía aos seus discípulos, a tratá-la, (a cidade), pelo exercício da compaixão. Jesus, o caminheiro da vida eterna, se referindo ao tema, sugere o trato do corpo e dos seus atributos, com o exercício da compreensão. São Tomáz de Aquino, com os exercícios espirituais.
Paulo de Tarso, o apóstolo tardio, tratando desse instrumento complexo que é o corpo, orientava aos seus dizendo que a ele (o corpo) todas as coisas lhe são lícitas. Entretanto, advertia que nem todas as coisas lhe convêm.
A sétima lâmina do Tarô retrata o corpo como o carro de Osíris, um veículo conduzido pelo homem que segura as rédeas, e, usando o seu livre arbítrio, guia os dois animais tracionados, um dócil e o outro feroz, atávico; cada um tentando puxar o veículo para um rumo diferente, conforme a tendência de cada ser em si.
O épico Hindu, o Gita, trata o corpo como o carro de combate, conduzido por um iniciado que luta contra os seus inimigos figurativos, uma personificação dos seus gostos e aversões, e os seus males interiores. Luta guiado pela inteligência suprema, que na verdade é o verdadeiro condutor do veículo.
O espírito que habita o corpo é puro, porém a matéria e a alma são opacas. A opacidade turva os sentidos, daí a nossa confusão ao buscar discernir. Quem vê, não vê claramente, pois não vê o real.
A carne é fraca e vendida à emocionalidade e à passionalidade. Daí a nossa sensação ser epidérmica. O corpo busca nos corpos as formas arredondadas, o Shefarion tenta contemplar a esfera, a personificação da perfeição divina. O corpo que busca penetrar outro corpo, é o passivo, o ativo é o que propicia a condição e os atributos para a penetração. É uma armadilha dos pares contrários, o inverso. O autor, quase sempre, é a vítima!
O corpo é a plataforma de desembarque do espírito! É a sua morada temporária, o palco dantesco, platônico e sheakspiriano, onde a alma, o ator, executa a sua tarefa, o diretor é o consciente objetivo, e o autor o inconsciente. É o auto da evolução, onde corpo e alma vivem as tragédias e as comédias.