Raphael Reys (*)
O corre-corre da vida moderna é produzido pelo conceito que fazemos do uso do tempo; enquanto o usamos, em sua duração, e do aproveitamento das ações que executamos. Expressamo-nos como uma unidade reflexa!
Pavloviana!
Nesta jornada exótica nos tornamos um experimentador inconseqüente. Agindo e reagindo conforme códigos arraigados no nosso inconsciente que foram estimulados pela propaganda geradora de consumo. Somos vítimas dos governos, dos que produzem e dos que prestam serviços.
Sugestionados pelos vendedores de auto-ajuda, e da religiosidade revestida de ilusões salvadoras. Fórmulas novas e mirabolantes. Recordamos a história do nosso próprio passado, como uma lenda ocorrida com outrem. Comportamos nos termos da reflexão do imortal Rosa: Pulamos da frigideira para as brasas!
Retiramos do âmago da nossa mente apenas o quixotesco. Como os andarilhos da Idade Média, em busca de conhecimento; cheios de potencialidade, mas tolos!
Usamos do arquivo da nossa memória ancestral apenas o registro dos reflexos adquiridos nas Savanas. Construímos e vestimos o nosso Ego cambaleante com roupagens chiques, de coloridos policrônicos e vernizes superficiais.
E ficamos contemplando no espelho de Narciso!
Esquecemos de observar que as sensações são do corpo, os instintos da alma, o princípio da mente.
Somos bufos, numa busca coletiva de prazeres e comédias. Encontramos, fatalmente, em algum instante da caminhada, o oposto. A dor e a tragédia! Relata-nos Marco Aurélio: o que não convém ao enxame não convém tampouco à abelha.
Dormimos dopados por barbitúricos, para não sentirmos o que nos vem do coração, dos sentimentos. Tornamo-nos dependentes exógenos. Objetos de um experimento mal sucedido. Incapazes de acessar o conhecimento acumulado, que ficou perdido.
A sabedoria adquirida nos ajustes evolutivos, advindos do sobredito processo civilizatório ficou suplantada pelo atavismo, nos seus medos, E pelas máscaras do Eu e a conseqüente contemplação no espelho de Narciso.
(*) cronista