*Manoel Hygino
Há anos, muitos anos, temos insistido na necessidade inadiável de conter a degradação social, como meio de evitar a própria ruína da sociedade dita civilizada. Degradação, nos costumes familiares e políticos, na condução dos negócios públicos, exigindo-se não apenas elaboração de novas leis (pouco cumpridas e observadas hoje), e uma rigorosa escolha das pessoas para administrar o país.
Todos sabem perfeitamente que uma sociedade feliz só pode ter base na honestidade, e esta hoje falta. A incompetência e a indignidade conduziram à atual situação, que considero grave, que vive o país. A violência se disseminou por todos os quadrantes. Agride-se e se mata, desrespeita-se, tanto o monumento na praça pública, quanto seres humanos de todas as idades, numa sucessão infindável de assassinatos nos bairros elegantes ou nas favelas, que passaram a ser apelidadas de conglomerados. No Rio de Janeiro, as UPPs, uma boa ideia, não resolveram o problema da violência e os bandidos adotaram novos métodos de ação.
O crime continua sem limite. Os adolescentes não querem ir à escola ou trabalhar e os pais não têm autoridade sobre os filhos, sequer parecem pensar no futuro deles. Que façam o que lhes aprouver, e os caminhos são conhecidos: assalto na via pública, o furto e o roubo de bens diversos, entre os quais os de carros são preferidos: tudo incentivado pela criminosa ação dos poderosos esquemas de distribuição de drogas.
Não estamos no bom caminho, e todos sabem. A juventude, há muito, se transviou, e o resultado diariamente se vivencia nos prontos-socorros, nas delegacias de polícia, nos cemitérios e nas lágrimas daqueles que ainda choram. Os locais de divertimento públicos, sejam bares e boates, são áreas preferenciais para excessos de toda natureza, entre os quais o uso e abuso de drogas, disputas físicas e mortes.
O futebol virou o que é. Os espetáculos servem de fachada para encontros de bandidos, que enriquecem estatisticamente a agressividade e o despreparo do cidadão para o lazer sadio. As torcidas perderam sua legitimidade e razão de ser, tornando-se grupos de arruaceiros, que põem em risco a integridade física de torcedores de todas as idades, e dos próprios atletas.
Do grau de incivilidade dessa gente, bastaria registrar o recente episódio, quando centenas de adeptos de um clube paulista invadiu suas dependências para ameaçar os jogadores, caso não conquistassem vitória na partida programada.
Não falo mais nas prisões do Maranhão, que são apenas um retrato tosco daqueles estados que não conseguem manter humanamente seus presos, ou dos veículos coletivos incendiados nas grandes cidades como São Paulo, ou na pacata Lassance (MG). Não é um clima agradável.