O Brasil correto sabe das coisas

Por Manoel Hygino

Jornal O Norte
Publicado em 14/05/2014 às 10:43.Atualizado em 15/11/2021 às 16:50.

*Manoel Hygino

Há ainda muita gente de bom-senso neste país, felizmente, porque, em caso contrário, seria preferível enfiar a viola no saco e ir tocar em outra freguesia, como não poucos já o fizeram, com algum êxito ou mesmo nenhum. O Brasil desatinou, em decorrência de ação dos desonestos que assumiram posições elevadas e sólidas na gestão de cargos públicos ou negócios correlatos.

Deixamos de ser a nação produtiva e eficiente, para ser a dos jeitinhos, do facilitário em negócios escusos, dos malfeitos, das assessorias de coisa alguma, de suspeitíssimos lobbies.

Cada leitor pode fazer uma avaliação de minha posição e extrair suas próprias conclusões. O Brasil correto sabe das coisas, dos fatos, de nomes, porque distingue e identifica episódios e personagens, embora seja talvez incapaz de enfrentar o vandalismo moral em que nos afundamos e do qual não conseguimos sair. Patinamos em uma espécie de areia movediça, que não poucos – e são interesses altíssimos e inconfessáveis em jogo – preferem escamotear ou negar.

Vivemos um seriíssimo momento de decisões, em que menos se pensa no ser humano, no humanismo, nas gerações futuras. Praticando ideias equivocadas, afasta-se o operário potencial do labor, sob falsas ou vãs promessas. É o caso, por exemplo, do Bolsa Família, que – se oferece algum benefício material –, empurra o cidadão de hoje ou o de amanhã, isto é, a criança atual, ao despenhadeiro de que não retornará muito provavelmente.

É preciso sentir, perceber e ver as coisas sem qualquer tipo de preconceito ou ideia fixa. Uma juíza da Cajazeiras, na Paraíba, foi veemente em exposição, quando criticada por ser contra esse benefício, como usado. Adriana Lins de Oliveira Bezerra esclarece: “Agora, com a certeza do benefício do óbolo, elas (as pessoas) não se propõem mais a trabalhar, ou a estudar e se profissionalizar, enfim. Estão escravizadas à merreca que recebem, como qualquer dependente químico da droga que consomem. É a isso que me oponho, pois quando esse programa social foi implantado, a situação das pessoas era caótica, lastimável. Hoje, elas estão sendo tratadas como inúteis, como incapazes, com a única serventia de massa de manobra eleitoral”, não possibilitando “inclusão socioeconômica”, como se propusera.

A magistrada vai além: “Segundo o Bolsa Família, que antes era chamado de Bolsa Escola, se exigia a contrapartida das crianças e adultos analfabetos estarem cursando o ensino fundamental – rendeu muita popularidade e votos –, mas as desigualdades continuam elevadas e os progressos obtidos são pífios”.

Opõe-se ao trabalho infantil, aos adolescentes, que não têm o que fazer, desviados inexoravelmente para as drogas, enquanto a recuperação das vítimas é mínima, difícil, duvidosa e onerosa. Falta mão de obra no campo e na cidade, mas não faltam agentes para o tráfico. O que há de se esperar a curto, médio e longo prazos?

Há uma cruel desumanização da vida.

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