Raphael Reys (*)
O critério subjetivo, esta régua predominante, usada obsessivamente pelos seres modernos para avaliarem, os seus objetivos, para decidirem, para agirem, buscando na vida as suas possibilidades múltiplas, prevalece.
Mergulhamos todos, no que codificamos, através da memória seletiva; condicionados pelos valores da modernidade, construídos pela inconseqüência e para uma vida de consumo exagerado.
Como loucos correndo à grande velocidade! Uma fome doentia de informações sobre o colorido dos atos reflexos dos nossos semelhantes, que como nos; também foram condicionados.
A regra do bem viver de hoje é enganar a todos, a toda hora, em tudo, e sempre. Mentir... Mentir!
Já nos primórdios da civilização, os semideuses, os filósofos Gregos, filhos da bondade divina, lutavam contra os sofistas, instrutores da erística: a arte de vestir e conduzir inverdades!
Por seus códigos reflexos, os seres humanos, construídos pela sabedoria divina para expressar a vontade do Criador, tornou-se um boneco um títere, em mãos de tiranos manipuladores do inverso. A vida tornou-se um eterno contemplar no espelho de Narciso. A realidade esta sempre ao contrario do que percebe a ilusão dos nossos sentidos, falsamente estruturados.
A meta predominante parece estar no dizer refletivo de Pindaro: - alçar-me-ei diretamente ao palácio demasiado alto aonde habita a justiça, ou seguirei por vias sinuosas e obliquas em busca da plena aventura na vida.
Somos uma caixa de pancadas, trafegando por este mundo grande e bobo, consumidores descabidos; condutores de incertezas, consumidos pelo neurotizante, pela ilusão da forma física, Contemplando o narciso.
Ande pelas ruas! Olhe nos olhos dos passantes, veja o deserto refletido na janela da alma. São vitimas em rota de colisão com os semelhantes! Todos! Passageiros da agonia.
São os tempos do ajuste pelo ódio, pelo desamor, dormimos encolhidos pelo medo, e acordamos armados contra os nossos semelhantes, que, como nós, fomos criados a imagem e semelhança de Deus.
O que esta acontecendo conosco? O poeta Fernando Sabino, antes de passar para as alturas disse: A verdade/ Nem veio nem se foi: o erro mudou.
Fazemos parte de uma plêiade de almas, vindos a este mundo insano e de provas! Tornamo-nos ilusionistas, tolos enganadores de si mesmo, e dotados de um mesmo inconsciente coletivo.
E no sexto dia, Deus criou o homem a sua imagem e semelhança.
Grande coragem esta a do Pai! Criador de tudo e de todos, talvez tenha sido, a obra que mais lhe custou a fazer!E ao fazê-la, para não ficar com as vastas mãos abanando, como ironizou o poeta de todos, Vinicius de Moraes; fez-nos, para compor obrar e contemplar a métrica da manifestação às formas.
Razão tinha Calderon de La Barca: A vida, sonhos são.
Meros atores no palco das manifestações, centelhas provindas do uno, para contemplar a ilusão das formas, um reflexo!
Atores é sonhadores, somos cantadores, assim como o poeta Caetano Veloso no Sampa: O avesso, do avesso, do avesso, do avesso.
(*) Cronista