Luiz Carlos Nunes
Nas cidades do interior é comum que fatos pitorescos determinem os nomes de ruas, bairros e estabelecimentos comerciais. E em Montes Claros isso não é diferente.
Nas décadas de 1970/1980, havia um jornal que se chamava Diário de Montes Claros, mas, para reduzir custos, a circulação caiu para três vezes por semana. E não tiraram a palavra “diário” do nome, causando confusão.
Outro caso interessante é o do bairro Roxo Verde. Essa estranha cor, que não existe, chama a atenção de quem ouve o nome e é motivo de gozação, principalmente, por parte dos visitantes. Esse “roxo-verde”, conforme depoimentos de alguns moradores antigos, seria uma brincadeira referente à pronúncia do nome do cardeal Richelieu – personagem do livro “Os Três Mosqueteiros” de Alexandre Dumas.
E a rua Monte Plano? O leitor imaginaria um monte plano? Isso é mais uma das zombarias que o montesclarense carrega nas costas. Essa rua é uma das principais do bairro Santa Rita e o nome de registro na prefeitura é rua Monte Prano (com “r” mesmo) – uma homenagem às conquistas dos pracinhas brasileiros na segunda guerra mundial em terras italianas. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) conquistou naquela época, três pontos importantes que eram ocupados pelos alemães: Monte Prano, Monte Castelo e Montese. Todos esses nomes batizaram ruas da cidade; existe, também, a rua Cabo Santana - único soldado montesclarense morto na guerra.
Conforme o jornalista Luiz Carlos Novaes, já foi feita uma campanha de conscientização com os moradores da rua, que não conseguiram se habituar com o nome verdadeiro. O problema começou, segundo o escritor Wanderlino Arruda, na confecção das placas: diz ele que o dono da fábrica achou que o vereador - que propôs o nome Monte Prano-, era analfabeto e “corrigiu o erro” trocando o “r” pelo “l”.
Dona Maria Irene Dias Borges, dona de casa, disse que nunca viu ninguém se referir à rua pelo nome italiano, só ouviu Monte Plano. Baltazar Siqueira, advogado, conhece a origem do nome, mas acredita que, por mais que tentem mudá-lo, dificilmente alguém dará importância a essa história, porque, na realidade, todos acham melhor assim. “Já caiu no gosto popular”, conclui Baltazar.