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Domingo,8 de Junho

No toco da jurema: Premonição - por Ronaldo José de Almeida

Jornal O Norte
Publicado em 07/11/2008 às 10:02.Atualizado em 15/11/2021 às 07:49.

Ronaldo José de Almeida



Elesbão como sempre fez antes de dormir, foi ao quarto de seu filho Vilibaldo de apenas 12 anos, para dar-lhe boa noite.



Ali encontrou o garoto tendo um pesadelo, o pai o acordou e perguntou-lhe se estava bem.  O filho respondeu que estava com medo porque sonhou que o tio Beto havia morrido, o homem assegurou-lhe que o parente estava muito bem, mandando-o voltar a dormir.



No dia seguinte a família recebeu a triste notícia da morte do tio Beto.



Alguns dias depois, quando Elesbão foi novamente dar boa noite a seu filho, percebeu que este enfrentava outro pesadelo. O pai o acordou; o filho assustado garantiu-lhe ter tido outro pesadelo, no qual vira morto o avô Quizinho.  Elesbão tranqüilizou o filho:



- Fique calmo, Vili, você teve apenas um pequeno pesadelo. Tome um copo de água e volte a dormir, o seu avô está bem.



O menino deitou e voltou a dormir.



Assim que o dia amanheceu o telefone tocou. Elesbão atendeu e recebeu a informação da morte do avô Quizinho, tal e qual descrevera Vilibaldo no seu sonho.



Uma semana depois, Elesbão foi de novo ao quarto de seu filho para dar-lhe boa noite, e o surpreendeu tendo outra opressão durante o sonho. Já assustado com os acontecimentos o pai o acordou indagando sobre o sonho.



- Sonhei com a sua morte, papai, estou com medo.



Elesbão, agora preocupado, ciente dos acertos das premonições anteriores, assegurou para o menino que estava muito bem. Nada havia que justificasse qualquer preocupação.



O homem foi para a cama e não conseguiu dormir, durante toda noite ficou a virar-se na cama.



No dia seguinte ele estava apavorado, tinha certeza da morte, o filho Vilibaldo não errara das vezes anteriores com suas premonições.



Sequer conseguiu almoçar, receava que a comida estivesse envenenada ou estragada. Temia ser assassinado.



Não afastava o temor de um assalto na rua. Via cada esquina como uma incógnita, pois que ali poderia estar posicionado um bandido a aguardá-lo.



Ao retornar do trabalho encontrou a esposa, a qual abraçou como se fosse uma despedida. Do alto de sua angústia disse-lhe:



- Hoje foi o pior dia da minha vida, meu amor. Meu Deus, o que fiz para merecer tamanho sofrimento.



- Fique calmo, querido. Tome um banho e relaxe. Hoje também tive um dia difícil. E de mais a mais, tomei o maior susto quando o Salatiel, o nosso vizinho, caiu na nossa porta. Ele foi levado imediatamente para o hospital, porém não resistiu e morreu. Coitadinho! Era uma pessoa tão boa! Eu fiquei tão triste!

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